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Ditador líbio diz que só deixa o poder morto

O ditador da Líbia, Muammar Gaddafi, 68 anos, disse ontem em discurso transmitido pela TV estatal que não deixará o poder e que se for preciso morrerá como um "mártir", qualificando os rebeldes como "gente que se droga e se embebeda".
"Muammar Gaddafi é o líder da revolução. Muammar não é presidente para renunciar, Muammar é o líder da revolução para sempre", disse o líbio, desde 1969 no poder.
O regime no país, porém, voltou a dar sinais de implosão, com a renúncia do ministro do Interior, Abdul Fattah Younis, noticiada pela TV Al Jazeera, e de novos representantes diplomáticos do país.
Younis, ainda de acordo com a emissora árabe, conclamou o Exército a engrossar as fileiras da oposição. Anteontem, o ministro da Justiça, Mustafa Abdel-Jalil, já havia renunciado.
Relatos locais indicavam também que toda a região leste da Líbia, incluindo Benghazi --a segunda maior cidade do país--, está sob controle de rebeldes. A área é um tradicional bastião de opositores ao regime líbio.
Após uma semana de protestos antirregime, o número oficial de vítimas, segundo a agência France Presse, é de 300 --sendo 58 membros das forças de segurança. Porém, fontes não oficiais estimam mais de 400 mortes, 300 das quais apenas em Benghazi.
Gaddafi proferiu seu discurso na tribuna de uma residência oficial, alvo de bombardeios dos EUA em 1986, que mataram uma de suas filhas. "Ficarei aqui", disse Gaddafi, mais longevo mandatário da África. Em mais de meia hora de discurso, prometeu "depurar casa por casa" atrás dos "ratos e mercenários" e exortou partidários a saírem em sua defesa.
"A partir de amanhã, peguem suas crianças, saiam de casa e os ataquem em seus lares. Todos vocês que amam Gaddafi deverão ir às ruas, não tenham medo deles."
"Persigam-nos, prendam-nos, entreguem-nos às forças de segurança. Eles são poucos, são terroristas", disse.
"Todos os crimes cometidos por eles [os manifestantes] são passíveis de punição por execução pela lei líbia."
E encerrou conclamando: "O tempo da vitória chegou. À frente, à frente, à frente. Revolução! Revolução!" 

Por Folha