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Mesmo com inflação maior, governo planeja cortar juro

Ao contrário do que esperava o Banco Central, a inflação não deu trégua em novembro. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acelerou com alta de 0,52% em novembro, bem acima da taxa de 0,43% de outubro. A prévia do IPCA, divulgada há duas semanas, apontava para uma alta parcial de 0,46%.
Com o resultado do IPCA de novembro, a expansão acumulada no ano ficou em 5,97%, bem acima da taxa de 5,25% registrada no mesmo período de 2010. Considerando os últimos 12 meses até novembro, o índice caiu para 6,64%, recuando em relação à taxa de outubro (6,97%), mas ainda permaneceu acima do teto da meta de inflação perseguido pelo Banco Central (6,5%).
A alta de 0,52% em novembro não preocupou a equipe econômica. Segundo técnicos do governo, o indicador manteve sua trajetória de queda em relação ao ano passado e não vai impedir que a inflação feche 2011 dentro do teto da meta fixada para o ano, de 6,5%. Em novembro de 2010, o IPCA atingiu 0,83%.
- O IPCA está se comportando com nós já esperávamos. Está mantendo sua trajetória de queda em relação ao ano passado e tem condições de fechar o ano dentro do teto da meta - disse o técnico.
A economista do IBGE Eulina Nunes dos Santos, destaca que a taxa anualizada aponta para desaceleração da economia:
-A taxa em 12 meses mostra uma tendência de desaceleração, e para fechar dentro da meta de 6,5% o IPCA de dezembro tem que ser de 0,50% - disse ela, lembrando que em dezembro do ano passado o IPCA foi de 0,63% -Por enquanto há poucas pressões de preços já conhecidas para dezembro.

A inflação mais alta no mês passado veio sobretudo do grupo que reúne produtos de Alimentação e Bebidas, com alta de 1,08%, quase o dobro da variação vista em outubro, de 0,56%. O item Carnes foi o que mais impactou o índice no período, com alta de 2,63%. O grupo Alimentação representou 48% do IPCA de novembro.
Contribuiu também para o IPCA mais forte o grupo Despesas Pessoais, que havia registrado alta de 0,22% em outubro e, no mês passado, acelerou a 0,88%, a segunda maior variação de grupo no mês, superada apenas pelos alimentos.
O aumento da renda do brasileiro e a demanda gerada pelo fim de ano sustentaram as altas de preços dos grupos alimentação e bebidas e serviços em novembro, segundo Eulina Nunes. Nesse contexto, ela destaca a elevação de preços verificados em cabeleireiro e carnes, que subiram entre outubro e novembro 1,19% e 2,63%, respectivamente.
Enquanto o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,52% em novembro na comparação com outubro, conforme divulgou nesta quinta-feira o IBGE, o grupo alimentos e bebidas registrou alta de 1,08%, ao passo que serviços cresceu 0,61%. O grupo alimentos e bebidas tem um peso de 23% no IPCA.
- Comer está cada vez mais caro e o brasileiro, com o aumento da renda, está comendo mais e consumindo alimentos que antes não podia”, disse Eulina. - A carne liderou os principais impactos devido à chegada das festas de fim de ano e isso levou a reboque os preços dos suínos e do frango - completou.
Corroboram as palavras de Eulina a alta de 3,13% nos preços de frango inteiro entre outubro e novembro. Nesse mesmo período, o frango em pedaços ficou 1,08% mais caro; a salsicha e o salsichão subiram 2,06%; a linguiça encareceu 0,94%. Em 12 meses até novembro, alimentos e bebidas subiram 7,28%.
A respeito dos serviços, a especialista do IBGE nota que o crescimento dos preços desse segmento ocorre acima do IPCA ao longo do ano.
Enquanto o índice tem alta de 5,97% no acumulado de 2011 até novembro, serviços sobe 8,75%. Eulina afirma que a elevação de preços desse segmento, catalisada pelo avanço da renda, é característica de economia mais forte.
- Quando a renda aumenta, as pessoas tendem a consumir mais serviços. Os serviços de cabeleireiros, em geral, são únicos. A pessoa tem um cabeleireiro fixo, que vem aumentando seus preços por causa da renda, mas também pelo avanço nos preços de seus custos, como aluguel - diz.
Em novembro, o aluguel subiu 0,81% ante outubro, contribuindo para a formação de uma taxa de 11,32% em 12 meses. No acumulado do ano até o mês passado, os preços dos aluguéis têm crescimento de 8,47%.

Por O Globo