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Em dia de ataques, 20 veículos são queimados no Rio; 14 morrem em ações da PM

O Rio de Janeiro vive nesta quarta-feira mais um dia de ataques e incêndios a veículos. Somente hoje, 20 veículos foram queimados --em um dos casos, quatro pessoas ficaram feridas. Para tentar conter a onda de violência, a Polícia Militar faz operações em diferentes favelas, que resultaram na morte de 14 suspeitos, de acordo com balanço da corporação.
Nas ações desta quarta, 25 pessoas foram presas. Desde o começo dos ataques, no domingo, 32 veículos foram queimados e 152 pessoas já foram detidas, afirma a PM.
Durante as operações desta quarta, 14 pistolas e revólveres foram apreendidos, além de dois fuzis, uma espingarda, uma submetralhadora, uma granada e duas bombas caseiras. Também foram apreendidas drogas --maconha (1 tonelada na Vila Cruzeiro) e cocaína-- e material inflamável.
Também na Vila Cruzeiro, a estudante Rosângela Barbosa Alves, 14, foi baleada nas costas durante um tiroteio entre traficantes e policiais. Ela não resistiu aos ferimentos e morreu no fim da tarde, no hospital Getúlio Vargas. "Essa é a polícia que vocês querem! Só sobe no morro para matar inocente pobre, parabéns", gritou, indignado, o pai da menina, que não se identificou aos policiais que estavam no hospital.
Pela manhã, um grupo que ateou fogo a um ônibus em Vicente de Carvalho (zona norte do Rio) deixou um recado em um bilhete para a polícia: "se continuar as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) não vai ter Copa e nem Olimpíadas". Policiais militares do 41º Batalhão disseram que o aviso foi deixado no veículo e que seria uma forma de "intimidar" as autoridades.
"Esse bilhete somente homologa que estamos no caminho certo. E isso são eles que estão dizendo, que estão se sentindo incomodados. Isso nos dá mais força e nos diz que estamos no caminho certo. Nós sabemos muito bem onde queremos chegar e a sociedade que se decida de que lado ela está e a força que ela pode ter para mudar outras questões periféricas a essa", disse o secretário da Segurança do Estado, José Mariano Beltrame, em entrevista ao "RJTV", da Rede Globo.

BOPE

As operações da polícia ocorrem em mais de dez favelas. O Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) entrou em quatro comunidades da Penha.
De acordo com a polícia, foram jogados coquetéis molotov em volta do veículo durante a operação na Vila Cruzeiro. A fumaça prejudicou a visibilidade dos PMs, que foram obrigados a voltar.
Quando o Caveirão manobrava, foram colocados obstáculos com barras metálicas --conhecidos como jacarés-- embaixo dele, furando três de seus seis pneus. A polícia informou que suspeitos subiram a escadaria da igreja da Penha e estão refugiados no alto do morro. Não há informação se eles entraram na nave da igreja.
Do rádio, um policial do Bope que estava no caveirão, disse aos companheiros: "caraca, meu irmão, quase incendiaram o blindado. Sorte que o motorista é bom".

ATAQUES

Os arrastões e incêndios de veículos começaram no último domingo. A Polícia Militar entrou de prontidão em toda a região metropolitana devido aos ataques. Por determinação do Comando Geral, os PMs de folga estão sendo chamados a seus batalhões.
Na segunda-feira (22), o secretário de Segurança do Estado, José Mariano Beltrame, disse que novos ataques podem acontecer de 'traficantes emburrados', em retaliação às UPPs e a transferência de presos para presídios federais.
Nesta quarta, em entrevista à rádio CBN, Cabral afirmou que a onda de arrastões e incêndios de veículos na cidade e região metropolitana são "desespero de marginais".
"Nós temos uma equipe corajosa. Temos que manter a serenidade. Falei [com o presidente] Lula ontem duas vezes", disse o governador.
"Há trabalho de inteligência da Polícia Civil junto com a Polícia Federal, Forças Armadas e a Polícia Rodoviária Federal", acrescentou.
Por Folha