Meirelles irrita Dilma e perde chance de ficar à frente do BC
Atitude do presidente da instituição provocou saia-justa para a eleita, diz jornal

Até mesmo o presidente Lula, entusiasta da permanência de Meirelles à frente do BC, teria ficado descontente com a atitude dele. Segundo o jornal, Lula avalia que o presidente da autoridade monetária perdeu pontos ao tentar justificar sua iminente saída – e jogar para Dilma a responsabilidade por quaisquer mudanças na política monetária do país.
No Planalto, avalia-se que o comportamento de Meirelles criou uma saia-justa para a presidente eleita. Isso porque, após as declarações do presidente do BC, a decisão de Dilma de retirá-lo do cargo pode ser considerada pelo mercado econômico como um afrouxamento da política de autonomia da instituição. Meirelles decidiu partir para o ataque assim que foi confirmada a permanência do ministro da Fazenda, Guido Mantega, no cargo.
O presidente do BC teria considerado o anúncio do nome de Mantega como um aviso de que, no governo Dilma, perderia seu status de ministro e passaria a se reportar não mais ao presidente da República, mas sim ao ministro da Fazenda.
Dilma já disse que pretende reduzir a taxa real de juros (que considera as correções inflacionárias) a 2% até 2014. Atualmente, ela é de 5,8%. Para isso, é dado como certo que ela vai centralizar em torno de si todas as ações econômicas do início do governo. Pretende, com isso, alcançar dois objetivos: forçar a redução nas taxas de juros logo na primeira reunião do Conselho de Política Monetária (Copom) e mostrar que, ao contrário do presidente Lula, ela terá o controle de todos os setores do governo, a começar pela economia.
Com a centralização e a pressão explícita para que os juros baixem - o que Lula nunca exerceu em relação ao Banco Central -, Meirelles ficaria numa posição desconfortável, pois sua política de combate à inflação tem sido sempre a de, por absoluta prevenção, manter os juros altos.
Por Veja