O chiqueiro da Dilma e os porquinhos de estimação

Dos três porquinhos da velha fábula ─ Homero (ou Prático), Cícero e Heitor ─ só o primeiro é competente e operoso. Os outros são preguiçosos juramentados. “Eu sou o Prático”, antecipou-se José Eduardo Dutra. “Eu sou o Cícero”, emendou José Eduardo Cardozo, talvez sem saber que seu personagem foi o primeiro a ter a casa destruída pelo Lobo Mau. Sobrou para Palocci o papel de Heitor, que também só escapou do vilão por ter-se abrigado no refúgio seguro construído pelo porquinho Prático.
A associação à história infantil deixa dois Altos Companheiros mal no retrato. Pior ainda é a associação à trinca de parlamentares batizada pela imprensa com a mesma alcunha durante a campanha eleitoral de 1989. A serviço do chefe José Sarney, os senadores Edison Lobão, Marcondes Gadelha e Hugo Napoleão planejaram o lançamento da candidatura do apresentador Silvio Santos à Presidência da República. A trama protagonizada pelos Três Porquinhos do século passado tropeçou na Justiça Eleitoral. Mas a confusão que provocaram fez o quadro político ficar parecido, por algum tempo, com um chiqueiro.
Pelo tom de voz, Dilma quis ser gentil com seus porquinhos de estimação. É difícil imaginar o que dirá quando estiver num dia de fúria.
Por Augusto Nunes, da Veja
Título Original: "Os porquinhos de estimação"