Na estreia em palestras, Lula foge do improviso e faz elogio de seu governo
SÃO PAULO - Em sua primeira palestra depois de deixar o governo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva manteve o tom que adotava nos palanques e exaltou realizações de sua gestão. Mas, ao contrário do que fazia quando estava no cargo, o petista optou por ler a maior parte de sua fala para um grupo de mil funcionários, fornecedores e clientes da fabricante de eletroeletrônicos LG. O valor recebido por Lula não foi divulgado, mas a especulação no mercado de palestras é que o ex-presidente cobraria R$ 200 mil.
Jornalistas acompanharam apenas início da palestra
Por exigência de Lula, os jornalistas só puderam acompanhar os primeiros 15 minutos dos cerca de 50 minutos da palestra realizada nesta quarta-feira à noite em um pavilhão de exposições da Zona Sul da capital paulista. Quando os repórteres foram retirados do local, o petista usou mais improvisos em sua fala.
Lula iniciou a apresentação dizendo que "é preciso trabalhar para que o Brasil continue a ser governador por quem pensa em todos e não apenas em alguns". O ex-presidente citou muitos números, como o investimento de US$ 67,8 bilhões de empresas estrangeiras no país em 2010.
O petista voltou a dizer que durante o seu governo foram criados 15 milhões de empregos, que a taxa de desemprego despencou para 6,7% em 2010 e que 28 milhões de pessoas saíram da pobreza. Lula relacionou a melhoria da renda ao aumento de venda de produtos da LG.
Mas, as primeiras risadas da plateia ocorreram quando o ex-presidente contou como fez, durante a crise econômica de 2008, para que o Banco do Brasil passasse a financiar a venda de automóveis e os dirigentes da instituição disseram que não tinham expertise:
- Eu falei: "Em quanto tempo a gente forma essa tal de expertise?" Eles responderam que demoraria uns dois anos. Então, eu falei: "Vamos comprar essa tal de expertise e compramos 50% do Banco Votorantim".
Lula afirmou ainda que em dezembro de 2008 teve coragem, ao fazer um pronunciamento para chamar a população a seguir consumindo:
- Quando veio a crise, eu disse que era uma marolinha. Por conta da marolinha, eu fui achincalhado porque estava menosprezando a crise.
- Confio na integridade e no compromisso ideológico da companheira Dilma que vai permitir que as pessoas mais humildes que foram para a classe C possam ir para classe B - disse.
Por O Globo