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Comandante de missão contra Osama queria ser jornalista

William McRaven formou-se em Jornalismo na Universidade do Texas, em 1977. Passados 34 anos, no entanto, ele mesmo é notícia, como vice-almirante da Marinha americana e líder da tropa dos Seals - uma força de elite - que no último domingo eliminou Osama bin Laden, o terrorista mais procurado do mundo, nos arredores de Islamabad, a capital do Paquistão.
“É fascinante pensar que alguém com um diploma de Jornalismo tenha entrado na Marinha e se tornado um Seal”, disse Bobby Inman, professor da mesma universidade ao jornal Daily Texan. Ainda adolescente, “Bill” - como era chamado - tinha alguns grandes interesses: estudar teatro, fazer atletismo e integrar clubes de ecologia e de xadrez.
Os anos provaram que McRaven, de fato, aprendeu a jogar e a traçar estratégias. O oficial, que ainda tem no currículo grandes feitos como participar da captura do ditador iraquiano Saddam Hussein, em 2003, é descrito como “implacável” no combate aos inimigos americanos pelo Secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates.
Um ex-comandante das Forças Especiais, que não quis se identificar, contou à revista americana Newsweek que McRaven tem a reputação de ser o Seal mais inteligente e capaz de todos os tempos. “Ele é um homem que tem compaixão, mas também sabe como introduzir uma faca entre as costelas de um inimigo numa fração de segundo, se for preciso”, disse a fonte, de acordo com reportagem publicada em 2004, bem antes do furor provocado pela morte do inimigo número um dos EUA.

Família e amigos - Aos 55 anos, McRaven é descrito por um velho amigo como alguém que gosta de liderar, dando bons exemplos. “Ele não pediria a ninguém para fazer algo que ele mesmo não faria”, disse a um jornal de San Antonio o general aposentado da Força Aérea Michael Longoria, que conhece o vice-almirante há 20 anos.
A irmã de McRaven admite que ficou preocupada quando ele decidiu se juntar às Forças Especiais da Marinha, anos atrás. Mas diz que não se surpreendeu com o fato de que o oficial tenha sido designado a comandar uma missão tão importante, como a operação que matou bin Laden. “Ele está muito orgulhoso de sua equipe e sente-se honrado de ter servido ao seu país”, disse Nan McRaven à imprensa local.

Bastidores - A participação do vice-almirante McRaven começou em fevereiro deste ano, quando o diretor da agência de inteligência americana CIA, Leon Panetta, deu ao oficial os detalhes sobre a casa onde estava bin Laden e pediu a ele um planejamento da ação militar. De acordo com o jornal The New York Times, o vice-almirante passou semanas trabalhando no plano e ofereceu três opções: um assalto com helicópteros usando comandos americanos; ataques com bombardeiros B-2 que destruiriam a casa de Osama; ou uma incursão conjunta com agentes da inteligência paquistanesa, que seriam informados da missão horas antes do início.
Obama escolheu a primeira opção. Na noite anterior à missão, o presidente americano fez uma pausa num jantar de gala com jornalistas e desejou boa sorte ao vice-almirante. Quarenta minutos depois, McRaven informava a Panetta que bin Laden estava morto.

Por Veja