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Cortamos a cabeça da Al Qaeda, diz Obama ao condecorar militares

Após condecorar os Seals, força de elite da Marinha americana que matou Osama bin Laden, o presidente dos EUA, Barack Obama, disse que o país "cortou a cabeça da Al Qaeda" e que vai continuar na luta até derrotar a rede terrorista.
Obama viajou nesta sexta-feira a uma base militar para agradecer às forças especiais envolvidas na operação que matou Bin Laden. O encontro --ocorrido um dia depois de o presidente visitar bombeiros e policiais nova-iorquinos que atuaram durante o 11 de setembro e pagar tributo aos mortos no Marco Zero-- foi no quartel Fort Cambpell, no Kentucky.
"Vim aqui dizer obrigado, em nome da América. Esta foi uma semana histórica para a nossa nação. Graças às incríveis habilidades e coragem de diversas equipes, conseguimos destruir a ameaça [do terrorismo]", disse o presidente, cinco dias depois de uma operação que elevou sua popularidade e rendeu elogios até de republicanos.
"Ontem fui a Nova York (...) e hoje aqui em Fort Campbell tive o privilégio de conhecer aquelas que executaram nossa promessa [de vingar os atentados de 11 de setembro]. Disse a eles 'missão cumprida, missão cumprida'".
O presidente disse que os Seals são os "profissionais silenciosos da América", que "treinaram durante anos e praticaram incansavelmente para esta missão".
"Quando eu lhes dei a ordem, eles estavam prontos. O mundo pôde ver o quão prontos eles estavam", acrescentou.

ELOGIOS AO EXÉRCITO
 
Obama disse aos jovens soldados na plateia que os EUA têm o "melhor Exército do mundo". "[Os elogios aos Seals] servem também para vocês, membros do melhor Exército que o mundo já conheceu", disse o presidente.
Ele aproveitou ainda para mandar uma mensagem aos milhares de soldados atualmente no Afeganistão.
"Vocês não estão sozinhos. Seu país precisa de vocês, o que vocês vêm fazendo durante todos esses anos também ajudou muito", disse.
Diante de centenas de jovens militares, Obama relembrou os milhares que já morreram em combate e enalteceu o poderio bélico dos EUA durante o século 20.
De forma entusiasmada e por certas vezes eufórica, relembrou a liberação dos campos de concentração nazistas e a atuação do país em outras crises.

POLÊMICA OPERAÇÃO
 
A visita ocorre em um momento em que a operação que matou Bin Laden está cada vez mais cercada por dúvidas, questionamentos e mudanças nas versões oficiais. O presidente foi recebido na pista de pouso por comandantes militares como o vice-almirante William McRaven, chefe dos Seals, responsáveis pela invasão da casa do terrorista no Paquistão.
Para receber o presidente, os soldados -- alguns recém-chegados do Afeganistão -- se reuniram num hangar cheio de bandeiras norte-americanas, com uma banda tocando rock. Um gigantesco cartaz pendurado em uma parede dizia: "Trabalho bem cumprido!".
No entanto, para proteger a natureza sigilosa da atividade dessa força, o encontro foi reservado. Os jornalistas que acompanham Obama na viagem não puderam ver nem mesmo o exterior do centro militar e o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, disse apenas que o presidente iria se reunir com "alguns operadores especiais" envolvidos na ação do Paquistão.

POPULARIDADE
 
Pesquisas mostram que a aprovação popular a Obama voltou a superar 50% depois da morte de Bin Laden, mas analistas dizem que esse impulso pode não durar até a eleição de 2012, quando ele disputará um novo mandato.
Por essa avaliação, o eleitorado estaria mais preocupado em questões econômicas --como o desemprego e o preço da gasolina-- ainda que Obama tenha agora mais argumentos para rebater a acusação dos republicanos de que os democratas são fracos em questões de segurança nacional.
De acordo com o instituto Gallup, que produziu uma pesquisa divulgada ontem (5), nos três dias anteriores à operação a taxa de aprovação de Obama ficou na média de 46%. Durante os três dias após a morte do chefe da rede terrorista Al Qaeda, no entanto, a aprovação do presidente subiu seis pontos percentuais, mantendo-se na média de 52%.
No entanto, o aumento de Obama é muito inferior ao maior "salto" de popularidade já registrado pelo instituto, que ocorreu logo após o 11 de setembro de 2001, quando a taxa de aprovação do ex-presidente George W. Bush subiu em 35%.
O aumento na taxa de aprovação é um padrão que se repete há décadas na história dos EUA após grandes crises internacionais.
Analistas do Gallup dizem que a tendência é que estes "saltos de popularidade" se dissipem no espaço de uma a quatro semanas, e que o desafio para Obama é manter a nova taxa de aprovação de seu governo.

Por Folha