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Sob tensão, Grécia vive dia crucial para futuro da economia

A Grécia vive um dia crucial para decidir os rumos de sua economia nesta quarta-feira. Nas próximas horas, os gregos devem decidir se adotam um pacote de austeridade econômica imposto pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) para liberar uma ajuda financeira ao país.
Se aprovado pelo Parlamento, o pacote ativará a injeção de 12 bilhões de euros na economia grega, quantia que, se não resolve a situação do país, o livra temporiamente da insolvência.
Altamente impopular, o pacote inclui a elevação de impostos, um corte total de 28,4 bilhões de euros nos gastos públicos, além da arrecadação de cerca de 50 bilhões graças a privatizações. A taxa de desemprego na Grécia subiu para 15,9% no primeiro trimestre, elevação em relação ao primeiro trimestre do ano passado (11,7%) e quarto trimestre de 2010 (14,2%).
O Produto Interno Bruto (PIB) da Grécia recuou 5,5% no primeiro trimestre deste ano. Em relação ao quarto trimestre de 2010, o PIB grego mostrou alta de 0,2% entre janeiro e março deste ano.

Votação - O primeiro-ministro George Papandreu e seu novo ministro das Finanças, Vangelis Venizelos, exortaram os 155 deputados de seu partido (Pasok) a assumir "seu dever patriótico" e apoiar o pacote de austeridade.
A poucas horas da votação, no entanto, dois deputados do Pasok ainda não declararam seus votos e expressaram suas profundas objeções aos novos cortes e aos planos de privatizar a empresa semiestatal de eletricidade (DEH). O governo conta com 155 das 300 cadeiras parlamentares, maioria absoluta para aprovar o pacote, mas há dúvidas sobre a capacidade de Papandreu emr implementá-lo com um apoio tão frágil e contra o crescente descontentamento social.
A oposição, em sua totalidade, declarou que não apoiará Papandreu.

Protestos - A Praça Sintagma, epicentro das manifestações na capital Atenas, amanheceu sob tensão nesta quarta-feira. O volume de manifestantes aumentou e a polícia já reprimiu com violência alguns protestos, a exemplo do que se viu na terça-feira.
Ontem, o país amanheceu sob uma greve geral de 48 horas convocada pelos sindicatos dos setores público e privado, a quarta do ano. A paralisação afeta o transporte aéreo, urbano e marítimo, além de todos os tipos de serviço público. Nos aeroportos, muitos voos domésticos das companhias Aegean e Olympic Air foram cancelados em consequência da paralisação dos controladores aéreos. No porto de Atenas, 200 militantes do Pame, sindicato de tendência comunista, impediram a saída de vários barcos.

Calote - O Banco da Inglaterra (BOE) está elaborando planos de contingência para lidar com possíveis consequências de uma moratória soberana na zona do euro, afirmou o presidente da instituição, Mervyn King, a parlamentares da Grã-Bretanha. King não quis dizer quais chances ele acha que existem de a Grécia não honrar suas dívidas, mas declarou que os mercados financeiros calculam essa possibilidade em cerca de 80%. "Existe preocupação suficiente no mercado com o risco de um default soberano para nós considerarmos planos de contingência", disse.
O presidente do BOE não detalhou a questão, mas afirmou que o banco central da Inglaterra tem linhas de liquidez que pode oferecer para bancos problemáticos e que podem começar a ser usadas imediatamente, se necessário. King acrescentou que ganhar tempo para países endividados da zona do euro com socorros não é suficiente. Nações problemáticas precisam resolver seus problemas fundamentais, segundo King.

Por Veja