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Estoque dispara e montadoras já pensam em férias coletivas

A indústria automobilística encerrou abril com estoques suficientes para 43 dias de vendas. É o maior nível desde novembro de 2008, no início da crise global, quando o encalhe nas fábricas e nas revendas atingiu o equivalente a 56 dias de vendas.
Na virada do mês, havia 366,5 mil veículos nos pátios, quantidade muito maior que a das vendas de abril, de 257,8 mil unidades, e da produção, que somou 260,8 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. Segundo dados divulgados ontem pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), em abril as vendas caíram 14,2% e a produção, 15,5% em relação a março.
Diante desse quadro, algumas montadoras podem adotar medidas para reduzir a produção. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim, João Alves de Almeida, diz que a Fiat já o procurou para acertar um período de dez dias de férias coletivas a partir da próxima semana, para cerca de 2 mil trabalhadores. A Fiat nega a informação.
Almeida disse também que fornecedores de peças iniciaram períodos de férias ontem, entre elas a Teksid, fabricante de blocos de motores do grupo Fiat, que emprega cerca de 600 funcionários. "A Fiat informou que espera uma recuperação das vendas nos próximos meses, por isso não tem planos de demissão", afirmou o sindicalista.
Sábados extras de trabalho que estavam programados para este mês foram cancelados na Fiat e na fábrica da General Motors no ABC paulista, segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul, Aparecido Inácio da Silva.
Os pátios das montadoras tinham 111.620 veículos no fim de abril, o correspondente a 13 dias de vendas. Já nas concessionárias havia 254,8 mil unidades, ou 30 dias de vendas. Em março, os estoques totais eram para 35 dias de vendas.
De acordo com Cledorvino Belini, presidente da Anfavea, a retração das vendas pode estar relacionada ao menor número de dias úteis, em decorrência dos feriados da Semana Santa e do Dia do Trabalho. Embora este último tenha sido em maio, o dia 30 de abril fez parte do feriado prolongado.
Empresas do setor e os revendedores, contudo, creditam a queda das vendas ao maior rigor dos bancos na liberação de crédito para o financiamento, por causa da alta inadimplência.

Produção

A produção de veículos somou 260,8 mil unidades em abril, queda de 7,5% na comparação com o mesmo mês de 2011. No acumulado do quadrimestre, houve queda de 10,1%, para 998,9 mil veículos, ante 1,11 milhão em 2011.
Apesar da retração, o setor encerrou abril com 145.063 empregados, o que representa estabilidade em relação a março. Na comparação com abril de 2011, houve alta de 5,9% no total de funcionários no setor.

Por Estadão