Missão da ONU é alvo de tiros na Síria e crise se agrava
A pressão internacional sobre o governo do presidente Bashar Assad
aumentou depois de ser relatado um novo massacre na Síria, desta vez no
vilarejo de Qubair, na província de Hama. Pelo menos 78 pessoas, entre
elas muitas mulheres e crianças, foram mortas na quarta-feira, 6, em
ações de militares vinculados ao regime.
Após reunião do Conselho de Segurança nesta quinta-feira, 7, para
discutir a crise na Síria, o secretário-geral da Organização das Nações
Unidas (ONU), Ban Ki-moon, disse que a contínua violência no país mostra
que há uma ameaça real e iminente de guerra civil.
Segundo ele, há poucas evidências de que o governo sírio esteja
cumprindo com o plano internacional de paz negociado pela ONU com o
país.
Horas antes, em discurso na Assembleia Geral, Ban já havia condenado o
"assassinato de inocentes", que descreveu como "chocante e revoltante".
"Qualquer regime ou líder que tolere tal assassinato de inocentes
perdeu sua humanidade", disse Ban.
O enviado especial da ONU à Síria, Kofi Annan, disse que é o momento
de ameaçar Assad com fortes conseqüências, caso seu governo não
interrompa a violência contra civis. Annan disse ainda ao Conselho de
Segurança que a crise na Síria pode se transformar em uma espiral fora
de controle, caso a comunidade internacional não aumente a pressão sobre
o governo de Assad.
Segundo Annan, a comunidade internacional já se uniu para encontrar
uma solução para o conflito, mas deve agora levar essa união para um
novo patamar. "Ações individuais ou intervenções não vão solucionar a
crise", disse.
O enviado da ONU disse ainda que esse novo episódio de violência
demonstra que seu plano de paz para a Síria não foi implementado, apesar
de ter sido aceito pelo governo.
Monitores
Segundo ativistas de oposição, as vítimas em Qubair (entre elas 35 pessoas de uma mesma família) foram mortas por forças leais ao governo. O regime, porém, nega as acusações e diz que as mortes foram obra de terroristas. O novo massacre ocorreu menos de duas semanas após 108 pessoas terem sido mortas na cidade de Houla.
Segundo ativistas de oposição, as vítimas em Qubair (entre elas 35 pessoas de uma mesma família) foram mortas por forças leais ao governo. O regime, porém, nega as acusações e diz que as mortes foram obra de terroristas. O novo massacre ocorreu menos de duas semanas após 108 pessoas terem sido mortas na cidade de Houla.
O secretário-geral da ONU também denunciou um ataque contra a equipe
de monitores da organização que tentava chegar ao local do massacre. Os
diplomatas disseram que o Exército sírio está impedindo a entrada do
grupo em Qubair. No entanto, a televisão estatal da Síria afirmou que os
monitores entraram no vilarejo, informação que não pôde ser confirmada
por fontes independentes.
A ONU enviou 297 observadores à Síria para verificar a implementação
do plano de paz negociado por Annan. Entre os monitores, estão 11
brasileiros. A presença dos observadores, porém, não conseguiu impedir a
violência no país.
Condenação
O novo massacre foi condenado por diversos países. O ministro de
Relações Exteriores da Grã-Bretanha, William Hague, disse que a situação
na Síria está se "deteriorando rapidamente" em violência sectária.
Em um comunicado, a Casa Branca disse que as mortes, aliadas à recusa
do regime sírio de permitir que os observadores internacionais entrem
na área, é "uma afronta à dignidade humana e à justiça".
Os Estados Unidos querem uma ação decisiva para acabar com a crise na
Síria e pedem que todos os países deixem de apoiar o governo de Assad.
No entanto, a China e a Rússia, aliados da Síria, reafirmaram sua
oposição a uma intervenção na Síria.
Por BBC