Mensalão não foi provado, afirmou Toffoli quando advogava na campanha de Lula
O ministro do Supremo Tribunal Federal José Antônio Dias Toffoli já chegou a escrever em um documento entregue à Justiça Eleitoral que o mensalão "jamais" foi comprovado.
Em meio à pressão sobre o ministro, o STF começa hoje a julgar os 38 réus do mensalão, escândalo de corrupção de suposta compra de apoio no Congresso que marcou o governo Lula (2003-2010). O julgamento ocorre sete anos após a denúncia vir à tona.
A afirmação de Toffoli sobre o mensalão está em duas representações encaminhadas ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em setembro de 2006, quando advogava na campanha pela reeleição do então presidente Lula. As representações são contra o PSDB.
No pedido ao TSE, Toffoli reivindicava direito de resposta contra propagandas do PSDB que associavam o mensalão à afirmação de Lula de que se orgulhava de ser petista.
No texto, co-assinado pela atual namorada do ministro, Roberta Rangel, Toffoli argumenta que o adversário queria confrontar Lula "com acusações que jamais ficaram comprovadas, tais como o chamado mensalão".
Numa outra representação, de 2 de setembro, Toffoli afirma que o governo Lula "foi o que mais combateu a corrupção no país".
A participação de Toffoli no julgamento tem sido questionada devido à sua ligação anterior com o PT e ao fato de sua atual namorada ter defendido réus no processo.
A lei diz, entre outras coisas, que um juiz pode sofrer impedimento se o cônjuge tiver atuado no caso.
O ministro Marco Aurélio Mello disse ontem que será "triste" se o STF tiver que decidir se Toffoli pode participar do julgamento.
Resposta
O ministro José Antônio Dias Toffoli não respondeu às perguntas enviadas ontem à sua assessoria.
O ministro já disse, em abril, que não se considerava impedido de participar do julgamento do mensalão.
Nos últimos dias, interlocutores disseram ter ouvido do ministro que ele estaria decidido a participar do julgamento.
Por Folha