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Após incêndio, Carnaval do RJ não terá rebaixamento de escolas

Após o incêndio que atingiu barracões na Cidade do Samba, a Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro) decidiu na noite desta segunda-feira que nenhuma agremiação será rebaixada nos desfiles deste ano.
Dessa forma, o desfile de 2012 do Grupo Especial terá 13 escolas --as 12 deste ano, mais a campeão do Grupo de Acesso. Em 2013, duas escolas serão rebaixadas, reequilibrando os desfiles.
Também ficou decidido que as três escolas que perderam fantasias e carros alegóricos no incêndio --União da Ilha, Grande Rio e Portela-- não serão julgadas em seus desfiles.
A decisão foi anunciada pelo presidente da Liesa, Jorge Luiz Castanheira, após encontro com o prefeito Eduardo Paes (PMDB), na sede da prefeitura, no centro do Rio. Paes havia sugerido a mudança nas regras na manhã de hoje.
Outra decisão na reunião foi uma mudança na ordem dos desfiles. Como as três escolas atingidas desfilariam na segunda-feira (7 de março), os presidentes decidiram que a Portela passará para o domingo, sendo substituída na segunda-feira pela Mocidade Independente de Padre Miguel.

DEMOLIÇÃO

Uma vistoria preliminar feita pela Defesa Civil, após o incêndio, detectou a necessidade de demolição do segundo pavimento dos galpões das escolas de samba.
Segundo a assessoria do órgão, o andar superior foi comprometido e a demolição precisa ser iniciada o mais rápido possível.
Após a retirada dos escombros, a Defesa Civil fará uma nova vistoria para verificar se o térreo foi afetado.
Segundo o diretor de Carnaval da Liesa, Elmo José dos Santos, as escolas vão dividir funções para ajudar as que foram prejudicadas pelo fogo.
"Cada um vai dizer o que pode fazer para ajudar", disse ele. A ideia, de acordo com Santos, é que as nove escolas que não foram atingidas emprestem pessoal, material e espaço em seus barracões para ajudar na recuperação.

INCÊNDIO

O incêndio na Cidade do Samba, na zona portuário do Rio, teve início por volta das 7h e foi controlado cerca de três horas depois.
A Grande Rio foi a agremiação mais atingida --parte do barracão da escola chegou a desabar. O administrador da Cidade do Samba, Aílton Guimarães Jorge Júnior, afirmou que só nessa escola os prejuízos devem chegar a R$ 5 milhões. "Só um carro alegórico não sai por menos de R$ 500 mil", disse.
No total, segundo Jorge Júnior, o prejuízo pode chegar a R$ 8 milhões. As escolas, porém, ainda não divulgaram suas estimativas.

SUSTO

O aderecista Saimon Garcia, 26, contou que saltou do quarto andar da Cidade do Samba para escapar das chamas.
Garcia contou que tinha trabalhado até cerca de 3h30 da manhã no barracão da Grande Rio, para adiantar as fantasias para o desfile. Cansado, acabou dormindo no local.
"Acordei por volta das 7h e já estava tudo pegando fogo. Olhei para a televisão, vi as imagens da cidade do samba e ouvi o repórter dizer que a Grande Rio era uma das atingidas. Comecei a gritar, fiquei no maior desespero, mas não consegui descer pelas escadas. Então me joguei do quarto andar e caí, não sei como, num carro alegórico", contou ele, chorando muito.
Já o artista plástico Adson Amazonas, 33, da União da Ilha, contou que usou o celular para conseguir sair do barracão da escola. "A fumaça preta veio pra cima de mim. Achei que não ia me salvar, não enxergava mais nada. Pensei que fosse morrer. Usei o celular para enxergar a escada. A luz do aparelho iluminou a escada. Eu não sabia onde ela estava. Ao redor já estava tudo pegando fogo. De repente uma explosão. Eu só corria", disse.

Por Folha