|

Escolas tentam salvar carros alegóricos e fantasias de incêndio

Com o controle do fogo que atinge a Cidade do Samba, na zona portuária do Rio, as escolas de samba tentam na manhã desta segunda-feira salvar carros alegóricos e fantasias que não foram destruídos pelas chamas.
Integrantes da Grande Rio, a escola mais afetada, puxavam, por volta das 10h40, para o pátio interno do complexo, carros alegóricos que não foram totalmente consumidos pelo fogo.
No barracão da Porto da Pedra, que mesmo sendo vizinho ao da Grande Rio não foi atingido, um mutirão de pessoas retira fantasias e adereços com material inflamável, como plástico e resinas, por medo de que as chamas possam se espalhar. Os bombeiros, porém, dizem que o fogo está controlado.
Além do barracão da Grande Rio, o incêndio atingiu o espaço da Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba) e os barracões da União da Ilha e da Portela. O desfile das três escolas estava previsto para a segunda-feira de Carnaval.
O administrador da Grande Rio, Paulo Machado, 69, disse que a agremiação recebeu diversos telefonemas de apoio de escolas concorrentes. Ele afirmou pretender realizar um mutirão para reconstruir parte do que foi perdido. Até o momento, porém, o estrago não foi mensurado.
"Nós somos guerreiros. Que a escola vai para a avenida, isso vai. Já fizemos um carro em 24 horas", destacou ele, que trabalha há 55 anos no Carnaval.

INCÊNDIO

O incêndio na Cidade do Samba teve início por volta das 7h. Parte do barracão da escola de samba Grande Rio chegou a desabar. O aderecista Saimon Garcia, 26, contou que saltou do quarto andar da Cidade do Samba para escapar das chamas que atingem o local desde cerca de 7h.
Garcia contou que tinha trabalhado até cerca de 3h30 da manhã no barracão da Grande Rio, para adiantar as fantasias para o desfile. Cansado, acabou dormindo no local.
"Acordei por volta das 7h e já estava tudo pegando fogo. Olhei para a televisão, vi as imagens da cidade do samba e ouvi o repórter dizer que a Grande Rio era uma das atingidas. Comecei a gritar, fiquei no maior desespero, mas não consegui descer pelas escadas. Então me joguei do quarto andar e caí, não sei como, num carro alegórico", contou ele, chorando muito.
Já o artista plástico Adson Amazonas, 33, da União da Ilha, contou que usou o celular para conseguir sair do barracão da escola. "A fumaça preta veio pra cima de mim. Achei que não ia me salvar, não enxergava mais nada. Pensei que fosse morrer. Usei o celular para enxergar a escada. A luz do aparelho iluminou a escada. Eu não sabia onde ela estava. Ao redor já estava tudo pegando fogo. De repente uma explosão. Eu só corria", conta o artista.
Por Folha