Lady Antebellum e Arcade Fire são os destaques do Grammy
Não deu para Eminem. O rapper, indicado a dez Grammys, conquistou apenas dois prêmios, melhor cantor de rap e melhor álbum de rap. Ele foi atropelado pelo grupo country Lady Antebellum, do hit "Need You Now". A banda ganhou os principais prêmios da categoria country (grupo, música e álbum), e de quebra ainda levou para casa duas das três grandes estatuetas da festa, canção e gravação do ano.
O vencedor da terceira das principais categorias, álbum do ano, foi a banda canadense Arcade Fire, com seu disco "The Suburbs". A banda também fez o último show da noite, com uma furiosa versão de "Month of May" que nem as inexplicáveis bicicletas que circulavam pelo palco conseguiram atrapalhar. Após ganharem o Grammy das mãos de Barbra Streisand, ainda voltaram para o bis, com "Ready to Start".
Outra surpresa foi a vitória de Esperanza Spalding na categoria revelação. Não tanto por ela ter derrotado nomes mais populares, como Justin Bieber e Florence & the Machine, mas por já ter lançado três álbuns, o primeiro deles em 2006, e mesmo assim ter sido considerada uma revelação.
No geral, tanto os prêmios quanto os shows foram bem conservadores. Até Lady Gaga, a atração mais esperada da noite, foi comportada para seus parâmetros. Dessa vez, não usou vestidos de carne, não incendiou pianos ou se cobriu de sangue - o máximo da estranheza foi surgiu dentro de um casulo. Uma referência bem óbvia ao nome da música apresentada, "Born this Way" ("Nascida Assim", em tradução livre).
Depois da aparição, ela se limitou a dançar uma coreografia sem graça enquanto fazia playback. Em defesa da cantora, é bom ressaltar que ela não foi a única que apelou para bases pré-gravadas. O playback de Justin Bieber, por exemplo, estava tão evidente que, no final de sua performance, a direção do programa evitou os closes de seu rosto. O caso de Usher, que "cantou" logo depois, foi ainda pior.
Mesmo assim, Lady Gaga foi uma das mais ousadas da noite. "Born this Way", afinal de contas, é uma canção que celebra o orgulho gay - "Don't hide yourself in regret / Just love yourself and you're set" ("Não se esconda em remorso / Apenas se ame e está tudo bem"), diz a letra. O fato da performance ter sido anunciada por Ricky Martin, que assumiu ser gay no ano passado, deixou a mensagem ainda mais clara.
O tom conservador do Grammy ficou visível logo na abertura do noite, com um longo tributo a Aretha Franklin. A cantora, uma das maiores vozes da história da música pop, merece essa e outras homenagens, é claro. Mas iniciar a festa dessa maneira deixou clara uma das principais características da cerimônia: a celebração do passado.
Pelo menos no caso de Aretha, essa celebração foi bem sucedida. Um medley com seus maiores sucessos, bem interpretados por cinco cantoras bem diferentes entre si - quem imaginaria juntar no palco Christina Aguilera e Florence Welch? Aretha, que se recupera de uma cirurgia, não pode comparecer e gravou um depoimento em que garantiu: "ano que vem estarei aí".
Outros bons momentos retrospectivos foram Bob Dylan cantando "Maggie's Farm" com o Mumford & Sons e os Avett Brothers (com direito a um roadie colocando o microfone no palco apenas segundos antes de Dylan começar a cantar), o trio Norah Jones, John Mayer e Keith Urban interpretando "Jolene", de Dolly Parton e, é claro, um enérgico Mick Jagger (em sua estreia no Grammy) homenageando o cantor de soul Solomon Burke, morto em 2010.
Quando decidiu celebrar o presente, o Grammy não se saiu tão bem. Por exemplo, a apresentação do Muse. Enquanto a banda tocava "Uprising" (já tocada pelo trio em diversas premiações do gênero, por sinal), um bando de bailarinos mascarados corria pelos cantos, pulando e ameaçando quebrar tudo, enquanto fogos pipocavam por todo o palco. A ideia era reproduzir um "show de rock". Foi embaraçoso.
Rihanna também decepcionou. Mesmo se apresentando duas vezes (a primeira com Eminem, a segunda com Drake), a cantora não conseguiu empolgar. Pior, só a desafinada apresentação de Katy Perry.
No final, a grande performance da noite (ao lado do Arcade Fire) foi o dueto de Cee-Lo Green e da atriz Gwyneth Paltrow na música "Forget You" (versão bem comportada da original "Fuck You"). Acompanhados de bonecos da série Os Muppets, os dois tiveram o bom senso de não se levarem muito a sério. Resultado: foram leves e divertidos. E cantaram mesmo, sem apelar para o playback. Nesse quesito, até Gwyneth Paltrow bateu muitos cantores "de verdade".
Veja abaixo a lista de vencedores nas principais categorias:
Gravação do ano - "Need You Now", Lady Antebellum
Álbum do ano - "The Suburbs", Arcade Fire
Canção do ano - "Need You Now", Lady Antebellum
Revelação - Esperanza Spalding
Cantora pop - Lady Gaga
Cantor pop - Bruno Mars
Grupo pop - Train
Álbum pop - "The Fame Monster", Lady Gaga
Álbum eletrônico - "La Roux", La Roux
Artista solo de rock - Paul McCartney
Grupo de rock - The Black Keys
Música de rock - "Angry World", Neil Young
Álbum de rock - "The Resistance", Muse
Álbum alternativo - "Brothers", The Black Keys
Cantora de R&B - Fantasia
Cantor de R&B - Usher
Música R&B - "Wake Up", John Legend & The Roots
Álbum R&B - "Wake Up", John Legend & The Roots
Artista solo de rap - Eminem
Música rap - "Empire State of Mind", Jay-Z e Alicia Keys
Álbum rap - "Recovery", Eminem
Cantora country - Miranda Lambert
Cantor country - Keith Urban
Grupo country - Lady Antebellum
Música country - "Need You Now", Lady Antebellum
Álbum country - "Need You Now", Lady Antebellum
Por iG