Khadafi: líbios vão lutar contra bloqueio aéreo
Enquanto as maiores potências ocidentais discutem o que fazer para deter os ataques do ditador Muammar Khadafi contra sua própria população, o líder líbio voltou a fazer declarações desafiadoras à imprensa nesta quarta-feira (9). Na principal delas, disse a uma emissora de TV da Turquia que, se uma zona de exclusão aérea for estabelecida sobre o país, isso será bom, pois a população verá que os estrangeiros "querem tomar o controle da Líbia e roubar o petróleo".
Khadafi fez as declarações durante entrevista ao canal turco TRT. Como já havia feito diversas vezes, o ditador atribuiu o levante popular no país à influência da rede terrorista Al Qaeda e de seu líder, o saudita Osama bin Laden. Khadafi afirmou que aqueles que tentam tirá-lo do poder são terroristas e comparou a situação da Líbia com a da Turquia. "A Turquia luta contra terroristas há anos. Por que não fecham o espaço aéreo da Turquia também?", questionou. Em sua fala, Khadafi fazia uma alusão à disputa do governo turco com o PKK, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão, classificado como terrorista por diversos governos. Em seguida, Khadafi mostrou não ter receio do possível estabelecimento da zona de exclusão aérea. "Se eles tomarem tal decisão [o bloqueio aéreo], será útil para a Líbia, pois a população líbia verá a verdade, que eles querem tomar o controle da Líbia e roubar o petróleo", afirmou. "Aí o povo líbio pegará em armas contra eles", disse.
Mais cedo, Khadafi falou em rede nacional da Líbia e voltou a atribuir a instabilidade no país a um complô entre governos ocidentais e a Al Qaeda. Segundo ele, membros da Al Qaeda "deram drogas, dinheiro e armas" aos opositores rebeldes, que, segundo ele, sofreram "lavagem cerebral".
Potências discutem zona de exclusão aérea
As declarações de Khadafi chegam em um momento no qual as potências ocidentais chegam perto de uma definição sobre se e quando o bloqueio aéreo será estabelecido sobre a Líbia. Nesta quarta-feira, o Parlamento Europeu pediu à alta representante de Política Externa e Segurança Comum da União Europeia (UE), Catherine Ashton, que articule com os 27 países-membros do bloco uma zona de exclusão aérea na Líbia para neutralizar a ofensiva de Khadafi.
A grande maioria dos partidos europeus pediu aos países da UE que lancem uma ofensiva contra as defesas aéreas do regime líbio para evitar que este continue bombardeando a população. A manifestação se deu de todos os pontos do espectro político europeu. O eurodeputado José Ignacio López Salafranca, representante do conservador Partido Popular Europeu, afirmou que "a UE deve transmitir uma mensagem clara: Khadafi deve deixar o poder". O líder dos socialistas, Martin Schultz, defendeu a zona de exclusão aérea sobre a Líbia, mas assinalou que, como isso significa tirar aviões de combate para bombardear as aeronaves de Khadafi, "o que for feito deve contar com o sinal verde da ONU e da Liga Árabe". Os liberais, anfitriões da visita do Conselho Nacional de Transição líbio ao Parlamento Europeu, também pediram a Ashton que a UE reconheça este órgão para "dar-lhe legitimidade como representante da oposição líbia", indicou o líder da legenda europeia, Guy Verhofstadt. O líder dos Verdes, Daniel Cohn-Bendit, criticou os líderes europeus que tenham sido "cúmplices de ditaduras" e que "não pratiquem a autocrítica".
A grande maioria dos partidos europeus pediu aos países da UE que lancem uma ofensiva contra as defesas aéreas do regime líbio para evitar que este continue bombardeando a população. A manifestação se deu de todos os pontos do espectro político europeu. O eurodeputado José Ignacio López Salafranca, representante do conservador Partido Popular Europeu, afirmou que "a UE deve transmitir uma mensagem clara: Khadafi deve deixar o poder". O líder dos socialistas, Martin Schultz, defendeu a zona de exclusão aérea sobre a Líbia, mas assinalou que, como isso significa tirar aviões de combate para bombardear as aeronaves de Khadafi, "o que for feito deve contar com o sinal verde da ONU e da Liga Árabe". Os liberais, anfitriões da visita do Conselho Nacional de Transição líbio ao Parlamento Europeu, também pediram a Ashton que a UE reconheça este órgão para "dar-lhe legitimidade como representante da oposição líbia", indicou o líder da legenda europeia, Guy Verhofstadt. O líder dos Verdes, Daniel Cohn-Bendit, criticou os líderes europeus que tenham sido "cúmplices de ditaduras" e que "não pratiquem a autocrítica".
Na terça-feira (8), o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, conversaram sobre como lidar com a situação na Líbia. Segundo comunicado expedido pela Casa Branca, Obama e Cameron conversaram sobre “todo o conjunto” de ações possíveis para responder à repressão na Líbia, incluindo a aplicação de uma zona de exclusão aérea. Ambos ainda “acordaram avançar no planejamento, incluindo a Organização do Tratado do Atlântico Norte, de todo o conjunto de respostas possíveis” em relação à atual situação na Líbia.
A zona de exclusão aérea é uma operação militar, que teria início com o bombardeio das forças defensivas da Líbia, bem como de hangares e bases aéreas, com o intuito de impossibilitar ataques e a defesa aérea por parte das forças leais a Khadafi. Em seguida, os aviões militares estrangeiros fariam uma espécie de "patrulhamento" do espaço aéreo da Líbia. Ao mesmo tempo em que o bloqueio aéreo é visto como uma forma de enfraquecer Khadafi, há um temor de que ele seja insuficiente para conter as forças do ditador, o que obrigaria as forças internacionais a realizar uma ofensiva mais ampla, que incluiria uma invasão terrestre da Líbia.
Por Época