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Audiência de Strauss-Kahn é adiada para segunda-feira, dizem advogados

Os advogados de Dominique Strauss-Kahn, o diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), afirmaram que o depoimento do dirigente foi adiado para a manhã de segunda-feira.
A expectativa inicial era a de que o depoimento à Justiça em Nova York ocorresse ainda neste domingo.
Benjamin Braffman e William Taylor, os advogados do francês, não explicaram os motivos do adiamento nem deram mais detalhes sobre o caso, embora tenham afirmado que o francês estava "cansado".
O diretor-gerente do FMI foi indiciado neste domingo por agressão sexual, cárcere privado e tentativa de estupro de uma camareira de 32 anos em um quarto de hotel de Nova York.

PRISÃO
 
O celular esquecido no quarto do hotel Sofitel, em Nova York, foi decisivo para a prisão do diretor-gerente do FMI revelou mais cedo o jornal "The Wall Street Journal". Já no aeroporto JFK, o francês ligou para a recepção informando onde estava e pedindo para que o aparelho fosse devolvido. Do outro lado da linha, um policial atendeu e direcionou equipes para o terminal aéreo.
A prisão do francês coloca em dúvida as capacidades do órgão de gerir as crises em Portugal e na Grécia, além de impactar a disputa à Presidência da frança, na qual ele era um dos favoritos --embora não tenha ainda formalizado candidatura pelo sua legenda, o Partido Socialista.
Strauss-Kahn será defendido pelo famoso criminalista Benjamin Brafman, que já defendeu clientes como o rapper P. Diddy (ex-Puff Daddy) e o cantor Michael Jackson. William Taylor, advogado baseado em Washington, também integra a equipe.
O FMI indicou que não fará comentários sobre a prisão, e afirmou que a instituição continua "completamente operacional".
Em comunicado, a diretora de Relações Externas do órgão internacional, Caroline Atkinson, afirmou que Strauss-Kahn "contratou advogados". "O Fundo não tem comentários sobre este caso. Todas as perguntas serão dirigidas a seu advogado pessoal e às autoridades locais".

MULHER E INOCÊNCIA
 
Mais cedo, a jornalista Anne Sinclair, mulher de Strauss-Kahn, afirmou não acreditar "nem um só segundo" nas acusações feitas contra seu marido.
Ela afirmou, em uma breve nota emitida à imprensa francesa, ter certeza de que "sua inocência será confirmada" e pediu "decência e discrição" sobre o assunto.
Também no início do domingo seu advogado baseado em Washington afirmou que Strauss-Kahn nega todas as acusações. "Ele vai se declarar inocente", disse Taylor.

ENTENDA O CASO
 
As acusações que Strauss-Kahn enfrenta, segundo a polícia americana, incluem "agressão sexual, retenção ilegal e tentativa de estupro de uma camareira de 32 anos em um quarto de hotel em Nova York.
O francês foi preso no sábado após ser retirado por policiais da primeira classe do voo da Air France que ia para Paris minutos antes da sua decolagem. Ele iria se encontrar neste domingo com a chanceler (premiê) alemã, Angela Merkel.
De acordo com o sub-comissário de polícia de Nova York, Paul Browne, ouvido pela emissora CNN, Sreauss-Kahn apareceu nu quando a funcionária entrou em seu quarto para limpá-lo, por volta das 13h do sábado (14).
Browne disse que Strauss-Kahn tentou abusar da mulher mas ela conseguiu fugir e correu até a recepção do hotel. Os funcionários alertaram a polícia mas, quando os agentes chegaram ao hotel, o chefe do FMI já havia fugido para o aeroporto, deixando no quarto alguns objetos pessoais, entre eles seu telefone celular.

HISTÓRICO
 
Não é a primeira vez que Strauss-Kahn se vê envolvido em polêmicas deste tipo. Em 2008, pouco depois de assumir o comando do FMI, ele assumiu ter tido um caso com uma funcionária do organismo, a economista Piroska Nagy, casada com um ex-presidente do Banco Central argentino.
Na época, Strauss-Kahn admitiu "um erro de julgamento" por conta do caso.
Ainda que não tenha anunciado a sua candidatura, Strauss-Kahn, que é membro do Partido Socialista francês, aparece nas pesquisas como o principal rival do atual presidente Nicolas Sarkozy nas eleições à Presidência da França, marcadas para abril do ano que vem.
Números divulgados no início de maio apontam que o chefe do FMI, que ainda não confirmou se vai concorrer, teria 23% dos votos no primeiro turno contra 17% para a líder da extrema-direita Marine Le Pen e 16% para Sarkozy.
O próprio apoio de Sarkozy para a sua candidatura ao FMI foi visto como uma manobra para afastá-lo da corrida presidencial.

Por Folha