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Último desaparecido no lago Paranoá, em Brasília, é identificado

Hadnilton José de Oliveira, 31, garçom. Essa é a identificação do último desaparecido no lago Paranoá após o naufrágio de embarcação "Imagination" na noite de domingo (22). Outras oito pessoas morreram no acidente.
Até o fim da manhã desta quarta-feira, Hadnilton ainda não havia sido encontrado, e sua família permanecia à beira do lago aguardando notícias. Um padre e um pastor acompanhavam os familiares do garçom e faziam orações e rezas durante as buscas pelo Corpo de Bombeiros.
A mãe de Hadnilton, Herculana Gonçalves Lisboa, 53, havia afirmado, no início da semana, que estava "esperançosa" com relação ao encontro do filho. A família não quis dar declarações na manhã de hoje.
Segundo Herculana, Hadnilton trabalhava no AV Buffet (que fazia a festa no barco) havia três anos. Ele estava na festa como convidado. Ela disse que o filho, que era separado e tinha um filho de nove anos, gostava do trabalho e sabia nadar.
Hadilton era voluntário na ONG CNDDH (Comissão Nacional de Defesa dos Direitos Humanos). Segundo descrição no site da organização, a CNDDH visa "promover o desenvolvimento e o respeito à vida, buscando reduzir os níveis de pobreza, combater a fome e a miséria". A Folha não conseguiu contato com a ONG.

VÍTIMAS
 
Ao todo, oito mortes já foram confirmadas em decorrência do naufrágio. O bebê de sete meses, primeira vítima confirmada da tragédia, foi identificado como João Antonio Fernandes Rocha. Ele foi resgatado ainda com vida, mas não resistiu e morreu.
O corpo da mãe do bebê foi localizado ontem. Valdelice de Souza Fernandes tinha 36 anos. O enterro do bebê não foi feito ainda porque familiares ainda aguardavam a localização da mãe. O corpo dela deve ser liberado do IML ainda hoje.
Outra vítima confirmada foi Flávia Daniela Pereira Dornel, 22, irmã da organizadora de uma festa que acontecia na embarcação. Também já foram identificados os corpos de Ester Araújo de Oliveira, 10; Vicente Carneiro de Sousa Neto, 36; Paulo de Mello, 39; Adail de Souza Borges, 45; e Robinson Araújo de Oliveira, 29.

RACHADURA
 
O comandante Rogério Leite, da Delegacia Fluvial de Brasília, informou que o barco tinha rachadura em um de seus tubulões --estruturas que auxiliam na flutuação das embarcações. Mergulhadores foram até o barco, que está a 17 metros de profundidade, e constataram a rachadura.
Leite não informou o tamanho da avaria nem se ela pode ser apontada como a causa do naufrágio. Segundo ele, o comandante do barco poderia nem saber da existência da rachadura, já que os tubulões ficavam submersos.
No momento do acidente, por volta das 21h, quatro homens da Marinha eram responsáveis pela fiscalização do lago. Leite afirmou que o número era suficiente para a fiscalização e estava dentro da média de servidores usados pela Marinha para a tarefa.
"O trabalho de fiscalização é aleatório, não podemos estar em todos os barcos ao mesmo tempo", disse. Ao falar sobre o acidente, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), afirmou que é necessário ter "um grau de fiscalização muito grande em todo o tipo de embarcação".
O comandante da Delegacia Fluvial de Brasília disse ainda não saber quando será feito o içamento do barco do fundo do lago, mas que só ocorrerá depois que todos os desaparecidos forem encontrados.
A Marinha abriu um inquérito para investigar os motivos do acidente, com prazo de conclusão de 90 dias.

INVESTIGAÇÃO
 
O "Imagination" havia partido de um clube e passava por outros recolhendo passageiros para uma festa que era realizada na própria embarcação. Ela enfrentou problemas quando passava próximo da ponte Juscelino Kubitschek.
Segundo relato de sobreviventes, o barco virou após uma lancha passar muito perto e provocar ondulações, mas as circunstâncias do acidente ainda estão sendo investigadas. O garçom Everaldo Sales da Silva, 43, negou que a lancha tenha provocado ondulações.
"Já ouvimos relatos de colisão, de problema, de explosão, mas isso é prematuro. Só teremos certeza com a perícia", afirmou o delegado titular do 10º DP, Adival Cardoso de Matos, que investiga o caso.
O comandante do barco, Airton da Silva Maciel, era habilitado para a função. Ele e o proprietário da embarcação foram ouvidos pela Polícia Civil e, segundo o delegado, afirmaram que o barco era legalizado.
Passageiros relataram que ninguém usava coletes salva-vidas na noite de ontem. O comandante afirmou que começou a distribuir os coletes assim que o problema começou, mas que o barco submergiu muito rápido, o que teria dificultado a distribuição.

ANUNCIADA
 
No dia 22 de maio de 2010, o naufrágio de uma lancha com 11 pessoas no lago Paranoá resultou na morte de duas irmãs de 18 e 21 anos.
A embarcação estava superlotada e tinha capacidade para apenas seis passageiros. Após a tragédia, a Marinha informou que iria intensificar a fiscalização no lago, inclusive no período noturno.

Por Folha

 

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