Moradores de São Conrado se trancam em casa
Apesar da vontade de ver o bairro livre da interferência nociva do tráfico de drogas, moradores do bairro de São Conrado estão apreensivos com a aproximação do momento em que a polícia pretende ocupar as favelas da Rocinha, do Vidigal e da Chácara do Céu. A tensão com a possibilidade de um confronto entre agentes de segurança e criminosos levou a síndica de um edifício na Avenida Aquarela do Brasil a enviar uma circular aos condôminos, pedindo para que eles tomassem precauções após a prisão do traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha. “Já fomos avisados por funcionários que os traficantes que ainda estão no morro resistirão à ação da polícia. Por isso, orientei os moradores mais antigos, pessoas idosas, que evitaem sair de casa. Nós temos medo de que volte o pesadelo do Hotel Intercontinental”, disse a síndica, que preferiu não se identificar. Ela faz referência ao tiroteio de 2010, quando traficantes fizeram 35 reféns.
Moradora de São Conrado há seis anos, Rosana Oliveira também prefere evitar a rua. “Na última semana eu e minhas amigas estamos evitando sair de casa, principalmente à noite. Deixei de ir a alguns eventos sociais porque não sei se vou ter como voltar para casa de madrugada, já que vão fechar os acessos ao bairro às 2h30 de domingo”, diz. Rosana afirma que teme também pelo futuro do bairro, por acreditar que o vácuo de poder deixado por Nem pode trazer a São Conrado criminosos de facções inimigas.
A desconfiança de alguns moradores de classe média é muito semelhante à de moradores de favelas que recebem as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). E é mais um desafio para o estado, que tenta aumentar a confiança da população no projeto de pacificação.
“A UPP será lá em cima. Mas ninguém fala se vai ter reforço de policiamento aqui nas ruas de São Conrado. Provavelmente muitos dos traficantes vão se tornar pivetes para assaltar por aqui. É preciso discutir a política de segurança pública para os moradores do asfalto também”, reivindica.
Comércio afetado - A preparação para a instalação da 19ª° UPP também tem interferido diretamente o comércio de São Conrado. A administração do Shopping Fashion Mall não se pronuncia oficialmente a respeito da diminuição de fluxo de consumidores nem sobre as estratégias para garantir a segurança da clientela. Os lojistas, no entanto, reclamam do baixo movimento do shopping desde que foi divulgado que esta seria a “semana da ocupação”. “Os corredores estão vazios, tem mais funcionários do que compradores. Os clientes não querem vir com medo de tiroteio. Não os culpo, eu também tenho medo”, diz Vanessa Lima, moradora de Santa Cruz, vendedora de uma loja de brinquedos. No bairro da zona oeste onde ela vive, no momento ainda não há UPPs, e a guerra do tráfico tem causado um banho de sangue nas proximidades da Vila Kennedy, uma das maiores favela da região.
Gisele Merry, assessora de eventos de uma empresa de turismos que funciona no Fashion Mall, diz que está com dificuldade de agendar os encontros que a empresa promove no interior do shopping. “Quando nós telefonamos e damos o endereço as pessoas se recusam a vir. Elas não querem nem ouvir falar em São Conrado. A maioria dos nossos clientes é da Barra e da zona sul, e está pedindo para fazermos contato só depois da ocupação da favela”, conta. Gisele afirma que tem enfrentado problemas com a ausência até mesmo dos funcionários.
“Nós ficamos tensos aqui dentro. Não posso ouvir um barulho de helicóptero que meu coração dispara, achando que a ocupação foi antecipada. Duas funcionárias nossas moram na Rocinha e outra no Vidigal. Elas não querem vir trabalhar para não deixar suas casas vazias. Os policiais estão revistando todas as casas da comunidade e elas querem ficar lá. Nós compreendemos a preocupação delas e as liberamos de trabalhar esta semana”. Por conta da confirmação da ‘Operação Choque de Paz’ para esta madrugada, a empresa de turismo não funcionou neste sábado e nem abrirá no domingo.
A assessoria de comunicação do São Conrado Fashion Mall informa que o shopping funcionará normalmente neste domingo. Às 12h serão abertos os restaurantes e lanchonetes, e das 15h às 21h os lojistas que quiserem poderão abrir os seus estabelecimentos. Três carros da empresa responsável pela vigilância do shopping, com homens armados e com coletes à prova de balas, reforçam a segurança do centro comercial.
Moradora de São Conrado há seis anos, Rosana Oliveira também prefere evitar a rua. “Na última semana eu e minhas amigas estamos evitando sair de casa, principalmente à noite. Deixei de ir a alguns eventos sociais porque não sei se vou ter como voltar para casa de madrugada, já que vão fechar os acessos ao bairro às 2h30 de domingo”, diz. Rosana afirma que teme também pelo futuro do bairro, por acreditar que o vácuo de poder deixado por Nem pode trazer a São Conrado criminosos de facções inimigas.
A desconfiança de alguns moradores de classe média é muito semelhante à de moradores de favelas que recebem as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). E é mais um desafio para o estado, que tenta aumentar a confiança da população no projeto de pacificação.
“A UPP será lá em cima. Mas ninguém fala se vai ter reforço de policiamento aqui nas ruas de São Conrado. Provavelmente muitos dos traficantes vão se tornar pivetes para assaltar por aqui. É preciso discutir a política de segurança pública para os moradores do asfalto também”, reivindica.
Comércio afetado - A preparação para a instalação da 19ª° UPP também tem interferido diretamente o comércio de São Conrado. A administração do Shopping Fashion Mall não se pronuncia oficialmente a respeito da diminuição de fluxo de consumidores nem sobre as estratégias para garantir a segurança da clientela. Os lojistas, no entanto, reclamam do baixo movimento do shopping desde que foi divulgado que esta seria a “semana da ocupação”. “Os corredores estão vazios, tem mais funcionários do que compradores. Os clientes não querem vir com medo de tiroteio. Não os culpo, eu também tenho medo”, diz Vanessa Lima, moradora de Santa Cruz, vendedora de uma loja de brinquedos. No bairro da zona oeste onde ela vive, no momento ainda não há UPPs, e a guerra do tráfico tem causado um banho de sangue nas proximidades da Vila Kennedy, uma das maiores favela da região.
Gisele Merry, assessora de eventos de uma empresa de turismos que funciona no Fashion Mall, diz que está com dificuldade de agendar os encontros que a empresa promove no interior do shopping. “Quando nós telefonamos e damos o endereço as pessoas se recusam a vir. Elas não querem nem ouvir falar em São Conrado. A maioria dos nossos clientes é da Barra e da zona sul, e está pedindo para fazermos contato só depois da ocupação da favela”, conta. Gisele afirma que tem enfrentado problemas com a ausência até mesmo dos funcionários.
“Nós ficamos tensos aqui dentro. Não posso ouvir um barulho de helicóptero que meu coração dispara, achando que a ocupação foi antecipada. Duas funcionárias nossas moram na Rocinha e outra no Vidigal. Elas não querem vir trabalhar para não deixar suas casas vazias. Os policiais estão revistando todas as casas da comunidade e elas querem ficar lá. Nós compreendemos a preocupação delas e as liberamos de trabalhar esta semana”. Por conta da confirmação da ‘Operação Choque de Paz’ para esta madrugada, a empresa de turismo não funcionou neste sábado e nem abrirá no domingo.
A assessoria de comunicação do São Conrado Fashion Mall informa que o shopping funcionará normalmente neste domingo. Às 12h serão abertos os restaurantes e lanchonetes, e das 15h às 21h os lojistas que quiserem poderão abrir os seus estabelecimentos. Três carros da empresa responsável pela vigilância do shopping, com homens armados e com coletes à prova de balas, reforçam a segurança do centro comercial.
Por Veja