Polícia ocupa Rocinha hoje sob risco de armadilhas do tráfico
Nas favelas, construções próximas umas das outras, vias íngremes e becos. Nos arredores, prédios, casas luxuosas, hotéis lotados e carros circulando em vias movimentadas. No meio de tudo isso, dezenas de milhares de pessoas. Diante desse cenário, ocupar as favelas da Rocinha e do Vidigal já parece uma tarefa bastante difícil. As forças de segurança, no entanto, deverão encontrar obstáculos ainda maiores durante a operação de pacificação, marcada para hoje, para a implantação da 19 Unidade Polícia Pacificadora (UPP) do Rio. Segundo informações dos serviços de inteligência da Polícia Federal e da Secretaria de Segurança, parte da Rocinha, principalmente na área de mata, estaria repleta de armadilhas deixadas pelos criminosos, como minas terrestres usadas pelo Exército e artefatos de alto poder explosivo, feitos com botijões de gás.
De acordo com os informes, integrantes da quadrilha de Antônio Bonfim Lopes, o Nem, ex-chefe do tráfico local, preso na Lagoa na quarta-feira, esconderam explosivos em vários pontos da favela. Policiais federais ouvidos pelo GLOBO disseram que existe realmente a possibilidade de encontrarem um campo minado durante a ocupação — o que já foi comunicado a todas as forças que atuarão na ação. Foi recomendado ao Bope e aos fuzileiros navais, por exemplo, usar rastreadores de explosivos e cães durante a tomada das favelas. Em depoimento informal à PF, no entanto, Nem negou a presença de explosivos.
A ocupação da Rocinha e do Vidigal foi planejada há pelo menos um ano. A Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança, com apoio dos órgãos de inteligência das polícias Federal, Civil e Militar, vem monitorando os bandidos, além de contar com a colaboração de moradores das duas comunidades, que deram informações sobre esconderijos de armas, drogas e traficantes. Agentes infiltrados moraram nas favelas por meses e mapearam seus principais pontos, utilizando inclusive GPS.
À medida em que a data da ocupação se aproximava, bandidos começaram a enterrar suas armas. Helicópteros do Serviço Aeropolicial da Polícia Civil (Saer), equipados com câmeras de grande alcance, capturaram imagens dos locais usados pelos traficantes para ocultar seu armamento. Um mapeamento desses lugares já está também com os agentes.
A operação vai avançar pela noite, e, para evitar surpresas, como emboscadas de traficantes, um helicóptero blindado será dotado de uma câmera com sensor infravermelho. Com esse equipamento é possível, pelo calor do corpo, capturar e transmitir imagens de uma pessoa no escuro. Caso ela atire na polícia, será possível visualizar o exato local onde se encontra. O sistema foi usado pela primeira vez durante a ocupação dos complexos do Alemão e da Penha, em novembro do ano passado.
— A partir de domingo (hoje), as pessoas vão conhecer toda a estrutura dessa operação. Estamos preparados para o que vier a acontecer. Cada uma das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) tem um toque diferente — disse o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame.
Apesar dos perigos que poderão enfrentar durante a operação de ocupação da Rocinha e do Vidigal, os policiais acham que terão mais sucesso agora do que no caso dos complexos da Penha e do Alemão. Nas favelas da Zona Sul, os agentes acreditam que poderão apreender mais armas, munição e drogas.
As forças de segurança já sabem onde estariam os depósitos de drogas e armas. E torcem para que as informações do mapeamento se confirmem quando entrarem na Rocinha e no Vidigal.
— Acreditamos que vamos ter menos dificuldades na ação, sem enfrentar oponentes armados. E que vamos recolher um arsenal maior do que nos complexos do Alemão e da Penha — disse uma autoridade da cúpula da segurança do Rio.
A situação das favelas da Rocinha e do Vidigal é semelhante à que existia nos complexos da Penha e do Alemão. Traficantes transformaram as duas comunidades da Zona Sul num entreposto de drogas, armas e munição de uma facção criminosa. Há pelo menos um ano, policiais do Rio têm conhecimento de que bandidos foragidos de outras favelas da Região Metropolitana teriam buscado refúgio na Rocinha. Só na comunidade, são mais de 200 traficantes e 200 fuzis em poder da quadrilha. Com a prisão de Nem e dos traficantes Anderson Rosa Mendonça, o Coelho, e Sandro Luiz de Paula Amorim, o Peixe, os policiais afirmam que esperam pouca resistência dos criminosos.
Estratégica para o tráfico, com faturamento alto (os traficantes vendem drogas a um tipo de viciado que pode pagar mais caro) e cercada de rochas e matas (o que amplia o número de rotas de fuga numa ação policial), a região teria se tornado esconderijo de bandidos foragidos até do Complexo do Alemão — uma informação que os policiais não confirmam.
Embora a cúpula da segurança pública faça questão de negar, em abril deste ano, as duas principais facções criminosas da cidade — a que dominava o Alemão e a que comanda as favelas da Rocinha e do Vidigal — teriam selado um pacto de não agressão, para enfrentar o bem-sucedido projeto das Unidades de Polícia Pacificadora nas favelas do Rio.
A região já foi palco de intensos confrontos. No dia 21 de agosto do ano passado, após um tiroteio entre PMs e traficantes, em São Conrado, 20 bandidos invadiram o Hotel Intercontinental, fazendo 15 turistas e funcionários de reféns. No momento da invasão, cerca de 600 pessoas estavam no hotel, entre elas dentistas que participavam de um congresso. Policiais do Bope negociaram a rendição dos criminosos. Dez deles se entregaram.
A explosão de violência no bairro começou às 8h15m, quando policiais cruzaram com um carro, uma van e uma moto onde estavam homens armados com fuzis, na Avenida Aquarela do Brasil, nas imediações da Rocinha. Houve intensa troca de tiros. Para impedir que os criminosos escapassem, a polícia interditou o trânsito nas principais vias, como o Túnel Zuzu Angel e a Avenida Niemeyer. Segundo testemunhas, em menor número, os PMs buscaram abrigo numa agência de automóveis. Foi preciso deslocar um veículo blindado para o local, a fim de resgatar os policiais. O traficante Nem, que comandava a venda de drogas na Rocinha e no Vidigal, estaria entre os criminosos, mas conseguiu fugir. Durante o confronto, uma mulher morreu. Além disso, quatro pessoas ficaram feridas, entre elas dois policiais militares.
De acordo com os informes, integrantes da quadrilha de Antônio Bonfim Lopes, o Nem, ex-chefe do tráfico local, preso na Lagoa na quarta-feira, esconderam explosivos em vários pontos da favela. Policiais federais ouvidos pelo GLOBO disseram que existe realmente a possibilidade de encontrarem um campo minado durante a ocupação — o que já foi comunicado a todas as forças que atuarão na ação. Foi recomendado ao Bope e aos fuzileiros navais, por exemplo, usar rastreadores de explosivos e cães durante a tomada das favelas. Em depoimento informal à PF, no entanto, Nem negou a presença de explosivos.
A ocupação da Rocinha e do Vidigal foi planejada há pelo menos um ano. A Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança, com apoio dos órgãos de inteligência das polícias Federal, Civil e Militar, vem monitorando os bandidos, além de contar com a colaboração de moradores das duas comunidades, que deram informações sobre esconderijos de armas, drogas e traficantes. Agentes infiltrados moraram nas favelas por meses e mapearam seus principais pontos, utilizando inclusive GPS.
À medida em que a data da ocupação se aproximava, bandidos começaram a enterrar suas armas. Helicópteros do Serviço Aeropolicial da Polícia Civil (Saer), equipados com câmeras de grande alcance, capturaram imagens dos locais usados pelos traficantes para ocultar seu armamento. Um mapeamento desses lugares já está também com os agentes.
A operação vai avançar pela noite, e, para evitar surpresas, como emboscadas de traficantes, um helicóptero blindado será dotado de uma câmera com sensor infravermelho. Com esse equipamento é possível, pelo calor do corpo, capturar e transmitir imagens de uma pessoa no escuro. Caso ela atire na polícia, será possível visualizar o exato local onde se encontra. O sistema foi usado pela primeira vez durante a ocupação dos complexos do Alemão e da Penha, em novembro do ano passado.
— A partir de domingo (hoje), as pessoas vão conhecer toda a estrutura dessa operação. Estamos preparados para o que vier a acontecer. Cada uma das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) tem um toque diferente — disse o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame.
Apesar dos perigos que poderão enfrentar durante a operação de ocupação da Rocinha e do Vidigal, os policiais acham que terão mais sucesso agora do que no caso dos complexos da Penha e do Alemão. Nas favelas da Zona Sul, os agentes acreditam que poderão apreender mais armas, munição e drogas.
As forças de segurança já sabem onde estariam os depósitos de drogas e armas. E torcem para que as informações do mapeamento se confirmem quando entrarem na Rocinha e no Vidigal.
— Acreditamos que vamos ter menos dificuldades na ação, sem enfrentar oponentes armados. E que vamos recolher um arsenal maior do que nos complexos do Alemão e da Penha — disse uma autoridade da cúpula da segurança do Rio.
A situação das favelas da Rocinha e do Vidigal é semelhante à que existia nos complexos da Penha e do Alemão. Traficantes transformaram as duas comunidades da Zona Sul num entreposto de drogas, armas e munição de uma facção criminosa. Há pelo menos um ano, policiais do Rio têm conhecimento de que bandidos foragidos de outras favelas da Região Metropolitana teriam buscado refúgio na Rocinha. Só na comunidade, são mais de 200 traficantes e 200 fuzis em poder da quadrilha. Com a prisão de Nem e dos traficantes Anderson Rosa Mendonça, o Coelho, e Sandro Luiz de Paula Amorim, o Peixe, os policiais afirmam que esperam pouca resistência dos criminosos.
Estratégica para o tráfico, com faturamento alto (os traficantes vendem drogas a um tipo de viciado que pode pagar mais caro) e cercada de rochas e matas (o que amplia o número de rotas de fuga numa ação policial), a região teria se tornado esconderijo de bandidos foragidos até do Complexo do Alemão — uma informação que os policiais não confirmam.
Embora a cúpula da segurança pública faça questão de negar, em abril deste ano, as duas principais facções criminosas da cidade — a que dominava o Alemão e a que comanda as favelas da Rocinha e do Vidigal — teriam selado um pacto de não agressão, para enfrentar o bem-sucedido projeto das Unidades de Polícia Pacificadora nas favelas do Rio.
A região já foi palco de intensos confrontos. No dia 21 de agosto do ano passado, após um tiroteio entre PMs e traficantes, em São Conrado, 20 bandidos invadiram o Hotel Intercontinental, fazendo 15 turistas e funcionários de reféns. No momento da invasão, cerca de 600 pessoas estavam no hotel, entre elas dentistas que participavam de um congresso. Policiais do Bope negociaram a rendição dos criminosos. Dez deles se entregaram.
A explosão de violência no bairro começou às 8h15m, quando policiais cruzaram com um carro, uma van e uma moto onde estavam homens armados com fuzis, na Avenida Aquarela do Brasil, nas imediações da Rocinha. Houve intensa troca de tiros. Para impedir que os criminosos escapassem, a polícia interditou o trânsito nas principais vias, como o Túnel Zuzu Angel e a Avenida Niemeyer. Segundo testemunhas, em menor número, os PMs buscaram abrigo numa agência de automóveis. Foi preciso deslocar um veículo blindado para o local, a fim de resgatar os policiais. O traficante Nem, que comandava a venda de drogas na Rocinha e no Vidigal, estaria entre os criminosos, mas conseguiu fugir. Durante o confronto, uma mulher morreu. Além disso, quatro pessoas ficaram feridas, entre elas dois policiais militares.