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Havelange renuncia ao COI dias antes de possível expulsão

O ex-presidente da Fifa João Havelange, 95, renunciou ao Comitê Olímpico Internacional (COI) dias antes de a entidade anunciar decisão sobre casos de corrupção ocorridos dos últimos anos e que envolvia o nome do brasileiro, segundo revelou a agência de notícias "Associated Press".
Ex-sogro do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, Havelange era membro da entidade olímpica há 48 anos e era um dos homens mais influentes do esporte mundial. O brasileiro apresentou sua carta de renúncia na última quinta-feira.
A ação acontece poucos dias antes de o comitê de ética do COI recomendar sanções pesadas contra Havelange no caso envolvendo a agência ISL, que trabalhava com o marketing da Fifa.
Havelange, membro do COI desde 1963, está sob investigação por supostamente receber um pagamento de US$ 1 milhão (cerca de R$ 1,7 milhão) da ISL. Dois outros integrantes do COI, Lamine Diack e Issa Hayatou, também estão sob investigação, mas devem sofrer sanções menores.
A suspensão de dois anos ou até mesmo a possível expulsão era esperada na reunião da próxima quinta-feira no conselho executivo do COI, em Lausanne, na Suíça.
Com sua renúncia, o caso de ética contra ele deverá ser arquivado.

NUZMAN E TEIXEIRA

Reverenciado por Carlos Arthur Nuzman, líder da candidatura brasileira aos Jogos Olímpicos de 2016, Havelange tornou-se o primeiro dirigente de fora do continente europeu a ganhar a eleição para o cargo mais alto da Fifa. Para isso, ele rodou o mundo atrás dos votos de africanos e asiáticos, continentes que, naquela época, não tinham representação na entidade mundial do futebol.
Havelange e Nuzman começaram a carreira esportiva no Fluminense, clube da elite carioca. Ele era o mais velho membro do COI com direito a voto e foi o responsável também pela entrada de Nuzman no comitê.
Havelange, que disputou como atleta duas Olimpíadas (1936 e 1952), gosta de mostrar sua influência no COI.
Ex-nadador e jogador de pólo aquático, ele foi presidente da Fifa por 24 anos antes de ser sucedido por Joseph Blatter, em 1998. Ele permanece presidente honorário da entidade máxima do futebol.
O caso ISL foi objeto de julgamento criminal na Suíça em 2008. Mas a Fifa conseguiu proibir o tribunal de revelar o nome dos funcionários que teriam embolsado $ 6,1 milhões (mais de R$ 10 milhões) em propinas.
Ricardo Teixeira, presidente do comitê organizador da Copa-2014, também foi identificado pela rede de TV britânica BBC como tendo recebido pagamentos. Teixeira não é membro do COI.
Por Folha