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Tiro na cabeça predomina em mortes em Salvador

A maioria das vítimas da onda de violência que tomou conta de Salvador (BA) após a greve da PM foi morta com tiros na cabeça --o que indica que foram mortas sem chance de defesa.
Após 11 dias, na noite de ontem os PMs decidiram encerrar a paralisação da categoria após assembleia.
Levantamento feito com base em dados da Polícia Civil aponta que houve cem mortes por tiros na cidade de 31 de janeiro até o dia último dia 9. Do total, 59 levaram tiros na cabeça.
"Quando alguém atira na cabeça é porque conseguiu chegar próximo da vítima. Não é tiro para se defender ou apenas ferir outra pessoa. É para matar", disse o diretor do Departamento de Homicídios, Arthur Gallas.
Outros seis homicídios foram a facadas, duas pessoas foram linchadas e uma mulher morreu carbonizada, em um total de 109 mortes.
Salvador (2,6 milhões de habitantes) teve em dez dias mais homicídios do que a média mensal de 85 crimes desse tipo em São Paulo (11,2 milhões de pessoas) em 2011. Dos 109 homicídios da cidade, 99 ocorreram na periferia, área sob o domínio de milícias controladas por policiais, segundo a Polícia Civil.
Na periferia, grupos de extermínio foram responsáveis por ao menos 26 mortes nos dez primeiros dias do mês.
 
Gratificações
 
A greve tinha como objetivo conseguir a incorporação de gratificações aos salários. Os grevistas aceitaram a proposta dessa incorporação de modo escalonado, até 2015.
O impasse ficou por conta de 12 mandados de prisão expedidos pela Justiça contra PMs grevistas. O governo do Estado afirmou ontem que só haverá anistia aos policiais que não cometeram irregularidades.

Por Folha