Prédio em construção de 32 andares desaba em Belém (PA)

Toneladas de escombros interditaram a rua e afetaram a estrutura de duas residências e do prédio ao lado. Defesa Civil e Corpo de Bombeiros trabalham nas buscas com o apoio de retroescavadeiras e pás mecânicas. Cinco pessoas que passavam pela rua e outra que estava em uma casa vizinha foram retiradas com ferimentos leves cerca de 30 minutos após o acidente e levadas a hospitais da região.
A estudante Inara Cavalcanti, de 19 anos, proprietária de um apartamento no oitavo andar do edifício, soube do desastre pela irmã. "Ela me ligou dizendo que o prédio tinha caído e fui lá correndo ver." De acordo com ela, o empreendimento chamado Real Class teria 34 andares – 30 de apartamentos e quatro de áreas comuns –, dos quais 32 já estavam construídos. A obra seria entregue em novembro.
Pânico. "Só ouvi um estrondo e quando corri para ver o que era havia uma nuvem de fumaça branca que cobriu toda a área e a Rua Três de Maio", conta o webdesigner Fabrício Bezerra.
Vizinhos disseram que outros prédios balançaram na hora do desabamento. O pânico foi maior em um edifício de 20 andares, que fica ao lado da obra, onde moradores ouviram estalos na estrutura e saíram às pressas. Na correria, Maria Lemos de Oliveira, 52 anos, se feriu ao ser pisoteada.
Uma das casas atingidas foi a do jornalista Donizetti César, de 58 anos. "Eu já denunciei várias vezes essa obra. Não havia segurança para os operários e nem tela de proteção nos andares. Uma viga de madeira caiu em cima da minha casa e os responsáveis pela obra não tomaram nenhuma providência." Donizetti disse que registrou um boletim de ocorrência. A Real Engenharia, responsável pela obra, não comentou o acidente.
Para o secretário estadual de Saúde, Hélio Franco, que esteve no local, as equipes de resgate devem esgotar as possibilidades para encontrar possíveis sobreviventes e resgatá-los.
Sem punição. Em 13 de agosto de 1987, o edifício Raimundo Farias, de 16 andares, desabou no bairro do Umarizal. Trinta e nove operários morreram. Até hoje, ninguém foi punido.
Por Estadão