Apoio dentro e fora do Brasil leva à libertação
A libertação do jornalista Andrei Netto pelas autoridades militares da Líbia ocorreu após uma série de iniciativas que resultaram na formação de uma rede de informações e alertas pelo mundo todo, que se somaram aos esforços diplomáticos dos governos do Brasil e da Líbia.
O Estado perdera contato direto com o jornalista na quarta-feira, dia 2. Mas até o domingo de carnaval, dia 6, vinha tendo informações por terceiros sobre o paradeiro de seu enviado. Nesse dia, aquelas informações começaram a rarear, tornaram-se contraditórias e se interromperam. A partir daí, o jornal, que até então acreditava na retomada do contato e agia com cautela, decidiu contactar oficialmente as diplomacias brasileira e líbia e organismos jornalísticos e humanitários do mundo todo.
O Itamaraty foi contactado por meio do ministro interino, Ruy Nogueira. O chanceler Antonio Patriota, em viagem à Índia, também foi informado. A presidente Dilma Rousseff, informada do episódio, passou a acompanhar seus desdobramentos e determinou providências ao Itamaraty e à Embaixada do Brasil em Trípoli.
Na segunda-feira, a direção do jornal procurou o embaixador da Líbia no Brasil, Salem Omar al-Zubaidi, que se encarregou de enviar à Líbia cópias dos documentos do jornalista, fornecidas pelo jornal. O Estado também procurou o Fórum Mundial de Editores, por meio do seu representante no Brasil, o jornalista Marcelo Rech, do Grupo RBS. A partir daí, centenas de editores e correspondentes no mundo todo foram informados do desaparecimento do jornalista na Líbia.
Na segunda-feira, a direção do jornal procurou o embaixador da Líbia no Brasil, Salem Omar al-Zubaidi, que se encarregou de enviar à Líbia cópias dos documentos do jornalista, fornecidas pelo jornal. O Estado também procurou o Fórum Mundial de Editores, por meio do seu representante no Brasil, o jornalista Marcelo Rech, do Grupo RBS. A partir daí, centenas de editores e correspondentes no mundo todo foram informados do desaparecimento do jornalista na Líbia.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), fez chegar à embaixada líbia carta na qual seu presidente, Fernando Rodrigues, do Grupo Folha, pede "que o governo da Líbia tome todas as providências necessárias para informar a localização do repórter Andrei Netto, assim como providenciar sua eventual liberação no caso de estar detido pelo exercício da profissão de jornalista".
Rede de apoio. A partir do instante em que a redação perdeu contato com seu enviado, jornalistas brasileiros na região passaram a ajudar com informações - entre eles o enviado da Folha de S. Paulo, Samy Adghirni, e a correspondente de O Globo, Déborah Berlinck, além de Lourival Sant"Anna, também do Estado.
A operação contou ainda com o esforço de agências humanitárias, como o Comitê Internacional da Cruz Vermelha - que fez contatos com o Crescente Vermelho, seu equivalente no mundo muçulmano. O pesquisador brasileiro de tecnologia de novas mídias Rosenthal Calmon Alves, da Universidade do Texas, EUA, enviou nota ao International News Safety Institute pedindo ajuda. Giancarlo Summa, do Centro de Informação da ONU no Rio, contactou os escritórios do organismo em Genebra e Nova York.
"Não há dúvida de que, somada aos esforços diplomáticos de Brasil e Líbia, toda essa rede de informações e alertas que se formou mundialmente foi decisiva na libertação do jornalista", disse o diretor de Conteúdo do Estado, Ricardo Gandour. "Mais uma mostra da importância, para a liberdade, do livre fluxo das informações."
"Não há dúvida de que, somada aos esforços diplomáticos de Brasil e Líbia, toda essa rede de informações e alertas que se formou mundialmente foi decisiva na libertação do jornalista", disse o diretor de Conteúdo do Estado, Ricardo Gandour. "Mais uma mostra da importância, para a liberdade, do livre fluxo das informações."
Da embaixada da Líbia o jornal recebeu, em resposta aos seus pedidos, nota segundo a qual Netto havia sido detido "por ter entrado ilegalmente pela fronteira com a Tunísia". A argumentação do governo líbio era que a prisão havia ocorrido "pelo motivo de proteção do repórter, visto a grande preocupação do governo com a segurança da mídia estrangeira".
Antes disso, a Comissão de Relações Exteriores do Senado, por meio dos senadores Paulo Paim (PT-RS) e Eduardo Suplicy (PT-SP), havia enviado nota de protesto contra a prisão de Netto ao embaixador líbio.
Depois de anunciada a libertação, a família do jornalista se disse "tocada pelo engajamento de todos" e agradeceu "à diplomacia do governo brasileiro e suas instituições", além de organismos internacionais e jornalistas, "que seguiram em contato constante com nossa família e mobilizados com o caso".
AUXÍLIO VITAL
Abraji
Entidade que promove o jornalismo investigativo fez chegar à embaixada líbia carta na qual seu presidente pede "que o governo da Líbia tome todas as providências necessárias para informar a localização do repórter Andrei Netto"
Fórum Mundial de Editores
Entidade informou centenas de editores e correspondentes no mundo sobre o desaparecimento do jornalista na Líbia
Comitê Internacional da Cruz Vermelha
Foi encarregada de fazer os contatos com o Crescente Vermelho, seu equivalente no mundo muçulmano
Jornais
Por meio de seus contatos na Líbia, os jornais "O Globo", "Folha de S. Paulo" e o britânico "The Guardian" auxiliaram com a apuração de informações e o envio de detalhes da situação de Netto ao Brasil
Por Estadão