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Esquema ocorria dentro do palácio, acusa procurador

No segundo dia de julgamento do mensalão, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu que o STF (Supremo Tribunal Federal) ordene a prisão dos eventuais condenados imediatamente após a decisão.
"[Peço] desde já a expedição dos mandatos de prisão cabíveis imediatamente após a realização do julgamento.
Na última oportunidade de defender a culpa de 36 dos 38 réus do mensalão, ele disse que o esquema de compra de apoio ao governo Lula funcionava "entre quatro paredes do palácio presidencial".
"Falo das paredes da Casa Civil, de algo que transcorria dentro do palácio da Presidência da República."
Gurgel apontou o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu como o chefe da quadrilha.
Dedicou 25 minutos das quase cinco horas de discurso a Dirceu, e disse que "a prova é contundente quanto à existência da quadrilha e ao papel de liderança exercido pelo acusado".
Também procurou justificar a suposta ausência, alegada pela defesa, de que não há perícias, documentos, registros telefônicos ou eletrônicos que provem a participação de Dirceu.
"O autor intelectual, quase sempre, não fala ao telefone, não envia mensagens eletrônicas, não assina documentos, não movimenta dinheiro por suas contas, agindo por intermédio de laranjas. A prova da autoria do crime não é extraída de documentos ou de perícias, mas essencialmente da prova testemunhal.
Apesar de dedicar menos tempo aos outros acusados, Gurgel citou perícias e depoimentos para tentar descrever como funcionavam os três núcleos: político, operacional e financeiro.
Dos 38 réus, ele pediu a absolvição por falta de provas do ex-ministro Luiz Gushiken e do assessor partidário Antônio Lamas.

Carro-forte

Gurgel também destacou que o grupo utilizou até carro-forte para transportar recursos do mensalão.
Ele disse que pelo menos R$ 73 milhões foram desviados do Banco do Brasil, uma das fontes que alimentava o esquema de corrupção.
Aos ministros, Gurgel afirmou que Simone Vasconcelos, ex-diretora da agência SMPB, de Marcos Valério, acusado de ser o operador do mensalão, falou em depoimento que um carro-forte foi contratado para levar R$ 650 mil em espécie.
Segundo ele, documentos comprovam que empréstimos simulados foram fechados por Marcos Valério.

Por Folha