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Helicóptero lança jatos d'água para resfriar reatores em Fukushima

A empresa Tokyo Electric Power (Tepco) --que opera o complexo nuclear de Fukushima (Japão), atingido pelo recente terremoto de magnitude 9 seguido de tsunami da sexta-feira (11)-- lança jatos d'água de helicópteros para tentar resfriar os reatores 3 e 4 da usina.
De acordo com a TV estatal NHK, um helicóptero da Marinha japonesa despejou um grande volume de água sobre um dos reatores da central nuclear, e a operação será repetida por outros aparelhos.
A companhia diz estar preocupada com a piscina de resfriamento de combustível, que estaria superaquecida. 
As piscinas têm menos água uma vez que a temperatura começou a subir. Ao invés de registrar cerca de 30ºC de costume, o tanque atingiu os 80ºC. O risco, com a evaporação, é de que as varetas com material nuclear, ainda um pouco isoladas do exterior pelo líquido, deixem de estar submersas. Se mais água de resfriamento não for colocada rapidamente (ou a temperatura baixar), as barras de combustíveis vão se desgastar e emitir dejetos muito radioativos diretamente na atmosfera.
De acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), a temperatura nas piscinas de resíduos nucleares dos reatores 4, 5 e 6 é muito superior ao permitido, chegando a triplicar sobre o recomendado.

REATIVAÇÃO
 
O porta-voz da empresa disse ainda que as equipes também "concentram seus esforços" para restaurar o fornecimento de energia elétrica e reativar as bombas d'água do sistemas de resfriamento dos reatores da usina. "Não podemos dizer quando, mas queremos restaurar a fonte de energia o mais rápido possível", declarou o porta-voz Naohiro Omura.
A Tepco está reparando as linhas de energia da Tohoku Electric Power Co., que abastecem a região, para ligá-las ao sistema de transmissão elétrica em Fukushima. "Com o trabalho completo, teremos a capacidade de ativar várias bombas elétricas e jogar água nos reatores e nas piscinas de combustível nuclear usado", destacou o porta-voz.
No momento, cerca de 70 homens utilizam bombas de baixa capacidade para combater o incêndio e resfriar os reatores de Fukushima, com eletricidade de caminhões geradores. 

OUTROS REATORES
 
Mais cedo, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmou que houve danos nos núcleos dos reatores 1, 2 e 3 do complexo. A agência não detalhou a gravidade das avarias, mas afirmou que não se pode dizer ainda que a situação esteja "fora de controle".
"A situação evoluiu e é muito séria", disse, em Viena, Yukiya Amano, diretor-geral da AIEA. Ele afirmou que a empresa operadora da usina, a Tokyo Electric Power Co., "está fazendo o máximo para restaurar a segurança dos reatores".
A preocupação é que o reator 3 é o único da usina que usa plutônio como combustível. Segundo pesquisas do governo norte-americano, o plutônio é muito tóxico para os seres humanos, e uma vez absorvido na corrente sanguínea, pode permanecer por anos na medula óssea ou no fígado e até mesmo causar câncer. 

RADIAÇÃO ESTÁ ALTA
 
O chefe da Comissão Reguladora Nuclear americana (NRC), Gregory Jaczko, disse nesta quarta-feira que a piscina de armazenamento de combustível usado no reator de Fukushima não tem mais água, o que gera níveis de radiação "extremamente altos".
"Nós acreditamos que a região do reator possua altos níveis de radiação", disse ele. "Será muito difícil que trabalhadores de emergência consigam chegar até o local. As doses [de radiação] às quais eles podem ser expostos seriam potencialmente letais em um período curto de tempo", acrescentou. No entanto, Jaczko ressaltou que a NRC tem "acesso limitado" ao que está acontecendo no Japão, e se recusou a especular mais sobre o assunto.
Um dirigente do Instituto francês de Radioproteção e Segurança Nuclear (IRSN), Thierry Charles, afirmou por sua vez que após dois incêndios no prédio que comporta o reator, a piscina ficou "quase ao ar livre" e uma grande radiação escapa do local.
No entanto, a agência de segurança nuclear do Japão e a Tepco rejeitaram as afirmações de Jaczko. De acordo com o porta-voz do complexo das usinas Hajime Motojuku, as condições são "estáveis".
O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, também expressou preocupação com a crise. "A situação é muito grave nessa usina nuclear. Estamos muito preocupados, oferecemos ajuda ao Japão e temos especialistas auxiliando e avaliando informações de forma independente", afirmou.
Já a OMC (Organização Mundial da Saúde) acalmou a população. "A Organização Mundial da Saúde gostaria de assegurar aos governos e ao público que não há indícios neste momento de qualquer dispersão internacional significativa de usina nuclear no Japão", afirmou em comunicado Michael O'Leary, representante da OMS na China.

Por Folha