Indio diz que saiu do DEM por desavenças com Cesar Maia
Em entrevista à Folha, Indio da Costa, candidato a vice-presidente na chapa de José Serra (PSDB) nas últimas eleições, afirma que sua saída do DEM, oficializada hoje, se deve a questões locais --desavenças com o ex-prefeito do Rio Cesar Maia.
Indio diz que não está certa sua filiação ao PSD, partido que será criado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e que ele conversará com outras legendas até outubro, prazo final para que se filie a um partido para poder disputar a eleição do ano que vem.
O ex-deputado federal, atualmente sem mandato, diz que não fará oposição automática ao governo Dilma Rousseff, mas também não irá aderir ao PT.
FOLHA - A que se deve a sua saída do DEM?
INDIO DA COSTA -- O Cesar Maia fez uma reunião na casa dele na semana passada. Nem eu nem o presidente municipal do partido fomos informados dessa reunião. Nessa reunião, ele comunicou que faria uma intervenção no diretório municipal. Não dá para pregar democracia para fora e não ter democracia dentro do partido. Então eu entreguei o cargo de vice-presidente na executiva nacional. Eu sou do Rio de Janeiro, minha base eleitoral é no Rio. De que adianta eu fazer política nacional se sou impedido de fazer política no Rio?
O sr. chegou a conversar com Cesar Maia antes da sua saída?
Eu o respeito muito e desejo muito sucesso a ele. Mas, nesse modelo, vou conversar o quê?
Sua saída não tem nada a ver com a criação de um novo partido pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab?
Minha saída tem a ver com o Rio de Janeiro. Se o Cesar Maia não tivesse intervindo no partido, não haveria por que eu sair. Podia ter feito tudo conversado, mas num partido como esse não tem como crescer. [Questionado pela Folha sobre as declarações de Indio, Cesar Maia respondeu por e-mail que é "natural quando se muda de partido buscar uma explicação. [Indio] estava bem entrosado no grupo de Kassab e era sabido que o acompanharia."]
Mas o sr. não vai para o PSD então? Vai conversar com outros partidos?
Vou conversar com todo mundo. Obviamente que eu não vou falar com o PT, não estou mudando de lado.
O sr. continua na oposição, então?
Se botar a CPMF para votar, vou me mobilizar contra. Agora, se botar para votar a concessão de aeroportos à iniciativa privada, que eu defendi na campanha, vou me posicionar a favor. Não estou aqui para ser base de sustentação nem para ser oposição irracional.
O sr. chegou a conversar com o ex-governador José Serra sobre essa sua saída do DEM?
Eu tenho muito respeito pelo ex-governador Serra, mas foi uma questão local, não haveria por que falar com ele. Mas já na campanha ele sabia da existência de alguns problemas entre o DEM aqui no Rio e eu.
O sr. quer ser candidato a prefeito no ano que vem?
Estou sem mandato até outubro. Até lá tenho que definir a questão partidária. Depois poderei pensar no ano que vem.
Por Folha