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Pesquisadores da UFMS criam chip com tecnologia inédita

No início de janeiro, pesquisadores do Departamento de Engenharia Elétrica da Faculdade de Computação da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) concluíram o desenvolvimento do primeiro chip (circuito integrado) projetado e implementado no Mato Grosso do Sul. O dispositivo pode ser usado em qualquer aparelho eletrônico, como computadores, celulares e tocadores de música digitais, e possui uma tecnologia inédita no mercado de equipamentos eletroeletrônicos.
Enquanto os chips atuais possuem dois níveis lógicos de tensão elétrica, que convertem os sinais analógicos da energia recebida diretamente de uma tomada convencional em sinais digitais, o novo dispositivo é um conversor analógico digital que trabalha com múltiplos níveis lógicos. Em função disso, é bem menor e pode agregar mais funcionalidades do que um chip convencional.
Para desenvolver o novo dispositivo, os pesquisadores começaram a ir, nos últimos anos, para universidades e instituições de pesquisa em São Paulo, como a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI), para cursar doutorado e realizar treinamento em microeletrônica e em projetos de chips.
Depois de ganharem experiência na área, iniciaram o projeto do desenvolvimento do dispositivo no Centro de Tecnologia em Informática (CTI) do Mato Grosso do Sul. Entretanto, pelo fato de o Brasil ainda não ter uma fábrica de chips que domine a tecnologia de produção de transistores com 350 nanômetros (bilionésima parte do metro), ao terminarem o projeto do dispositivo, os pesquisadores decidiram encaminhá-lo para a França para ser fabricado pela empresa Circuits Multi-Projets (CMP), que realiza a prototipagem e produz processadores em pequena quantidade.
No início de janeiro, a empresa francesa enviou para os pesquisadores um lote com oito unidades do dispositivo, que estão sendo testados nos laboratórios da UFMS em uma placa impressa de circuito eletrônico.
De acordo com Ricardo Ribeiro dos Santos, professor da Faculdade de Computação da UFMS, o primeiro processador visa a mostrar a viabilidade de se desenvolver um conversor analógico digital que atue em múltiplos níveis. Ele acrescentou que a tecnologia, originada na década de 1960, ainda não é muito pesquisada no Brasil e até hoje não conseguiu emplacar no mercado de eletroeletrônicos, já que os circuitos eletrônicos baseados em lógica binária, adotados pelos fabricantes de equipamentos, funcionaram muito bem até recentemente.
Entretanto, nos últimos dez anos, verificou-se que a lógica binária possui limitações para miniaturizar os processadores, que têm a demanda de se tornar cada vez mais ínfimos e imperceptíveis nos aparelhos eletrônicos. Diante disso, pesquisadores que atuam no setor passaram a avaliar alternativas para atingir esse objetivo, como outros tipos de materiais em vez do silício ou para outras áreas, como a física quântica. Segundo o professor, a lógica de multiníveis seria outra via para projetar chips cada vez mais menores e com diversas funções.

Por INFO Online