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Após mudança, Vale ajudará governo a salvar Belo Monte

RIO - Menos de um mês depois de anunciar a mudança na presidência, o Conselho de Administração da Vale aprovou a a aquisição de até 9% do capital da Norte Energia, consórcio que construirá a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. A Norte Energia (Nesa) tem como objetivo exclusivo a implantação, operação e exploração da usina de Belo Monte.
Para entrar no consórcio, a mineradora adquirirá a parcela detida pela Gaia Energia e Participações S.A (Gaia), e reembolsará a Gaia, do grupo Bertin que deixa o projeto, pelos aportes de capital realizados assumindo os compromissos de aportes futuros, num total estimado em R$ 2,3 bilhões, considerando que o custo total o projeto é de R$ 25 bilhões. A construção da usina, no rio Xingu, é alvo de polêmica e protestos e já recebeu manifestações contrárias até da Organização dos Estados Americanos (OEA).
Apesar da saída do atual presidente Roger Agnelli ter sido resultado de confrontos do executivo com o governo, que quer a empresa contribua mais para resolver problemas do país, o diretor-financeiro da Vale, Guilherme Cavalcante, garantiu que a entrada da companhia ee Belo Monte não resultou de qualquer influência política.
Segundo o executivo, a decisãose baseia na política da Vale de aumentar sua participação na geração de energia, principalmente de fontes de energia limpa e renováveis como é o caso das hidrelétricas.
- Com a decisão, a Vale reafirma seu compromisso de diversificar seus investimentos. E Belo Monte é um investimento que garante o retorno financeiro. E esse investimento vai garantir o fornecimento de energia para os projetos da companhia - destacou o executivo.
O diretor explicou que com a aquisição, a Vale aumentará sua geração própria de energia de 45% para 63%. Os 9% de participação equivalem a 400 megawatts (MW) da energia que será gerada em Belo Monte.
Em nota a empresa informou que "a aquisição de participação no projeto Belo Monte elevará o percentual de nosso consumo de energia atendido por geração própria e reduzirá o custo marginal de energia para a Vale, na medida em que o preço da energia a ser comprada da NESA será inferior ao custo alternativo, dado pelo preço de mercado acrescido de encargos. Desse modo, o retorno esperado para a Vale a partir do investimento em Belo Monte é superior ao nosso custo de capital e em linha com o que havia sido estimado à época da participação da Vale no leilão".
O texto da Vale diz ainda que " adicionalmente, tal investimento contribui para a mitigação de riscos no fornecimento de energia para nossas atividades no Brasil".
Na mesma nota, Roger Agnelli, que deve passar a presidência para Murilo Ferreira no dia 22 de maio, disse que "a aquisição de participação no projeto Belo Monte é consistente com nossa estratégia de crescimento, contribuindo para a segurança energética da Vale e a criação de valor para seus acionistas como autoprodutora".
A Vale também lembrou que é uma uma grande consumidora de energia elétrica e investe em ativos de geração de acordo com suas necessidades de consumo, buscando reduzir custos operacionais de forma permanente e minimizar riscos de preços e disponibilidade de oferta.
A mineradora tem participações em nove usinas hidrelétricas no Brasil, e possui três usinas na Indonésia, sendo que Estreito, no Brasil, começou a operar recentemente e Karebbe, na Indonésia, se encontra em fase final de construção com previsão de entrada em operação neste ano. Além disso, possuímos quatro pequenas centrais hidrelétricas no Brasil e cinco outras no Canadá. Como consequência, 45% do consumo global da Vale é satisfeito por geração própria.

Por O Globo