|

BC vai concentrar esforços para controlar inflação

A abertura do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), nesta terça-feira (27), foi marcada pelo otimismo das duas principais autoridades econômicas do governo federal – o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini – sobre o combate à inflação. Enquanto Tombini afirmou que o Banco Central vai concentrar esforços para fazer a inflação ficar dentro da meta, Mantega disse que o Brasil é um dos países que está lidando melhor com o "surto inflacionário".
Segundo Tombini estuda novas medidas para tentar fazer a inflação convergir para o centro da meta estabelecida pelo governo, que é de 4,5% para 2012, e, também, em lidar com o intenso fluxo de capital estrangeiro no país. De acordo com Tombini a inflação é, atualmente, um “problema global”, mas no Brasil há que se ter atenção especial à inflação de serviços, que tem se mantido elevada e em ascensão.
“A inflação é hoje um problema global, e a inflação brasileira reflete a inflação global. Mas [o Brasil] possui também componentes locais comuns a países emergentes que saíram da crise. No nosso caso, um tema importante para entender a inflação é a inflação de serviços, que tem se mantido elevada e em ascensão no período recente”, disse. Para Tombini, o ingresso de capital estrangeiro “afeta o preço dos ativos porque o dinheiro acaba se replicando no país, causando impacto direto sobre preços de ativos”. Ele lembra que o BC tem mantido políticas de intervenções que resultaram inclusive “em reservas que serão importantes para o futuro”.
Tombini disse que são “excelentes” as perspectivas do órgão para controlar a inflação. A previsão da autoridade monetária é de crescimento forte e sustentável, acompanhado de crescimento da classe média e da maior capacidade de poupança dos brasileiros. Ele prevê, ainda, “diversas oportunidades de investimentos”, em decorrência do petróleo da camada pré-sal, da Copa de 2014, das Olimpíadas de 2016 e dos investimentos em infraestrutura.

Mantega fala em "surto inflacionário mundial"
 
Mantega, por sua vez, afirmou que o governo brasileiro tem conseguido manter os índices de inflação sob controle bem mais do que outros países em desenvolvimento, como a Rússia e a Índia, que acumularam inflações de 9,4% e 8,8%, respectivamente, em 12 meses, de acordo com resultado apurado em março. Para Mantega, a situação do Brasil mostra que o país não “está mal na foto mundial”.
Ele defendeu a política econômica do governo para reduzir o déficit público, a inflação e o consumo e manter o crescimento da economia em torno de 5% nos próximos anos. Para Mantega, o problema da inflação é global, pois o mundo está vivendo um surto inflacionário, com forte pressão do preço das commodities. Ele apresentou, na reunião, dados que mostram que, nos últimos 12 meses, os preços das commodities, sem os alimentos e os produtos do setor industrial, aumentaram 37,8%. No caso dos alimentos, o reajuste chegou a 43,2% e, das commodities industriais, a 32,5%.
Para Mantega, o problema das commodities é mundial e preocupa, mas o governo não pode fazer muita coisa a não ser definir ações para evitar a contaminação dos preços internamente. “Por isso, é importante tomar medidas. Devemos usar todas as armas para combater a inflação: sejam elas monetárias ou fiscais”, disse.
De acordo com ele, entre as razões para a alta do preço das commodities estão a influência de fatores climáticos, como a seca e a chuva, e o aumento do consumo de alimentos em países em desenvolvimento. Outro problema apontado pelo ministro é a crise no Oriente Médio, que, segundo ele, causa problemas no preço do petróleo, além da especulação financeira. O ministro criticou, ainda, a “política monetária frouxa” dos países desenvolvidos que tiveram de abrir mão de uma série de medidas de controle para enfrentar os efeitos da crise financeira.

Por Época