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Cumbica agora enfrenta hora do rush o dia todo

Cada vez mais, toda hora é hora de pico no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (Grande SP), o maior do país.
Com a demanda crescente de passageiros, as empresas aéreas criaram voos em horários ociosos ou estão com os aviões mais cheios.
Resultado: o aeroporto enche também no final da manhã e à tarde, quando costumava ficar às moscas. O pico habitual de Cumbica é no início da manhã e à noite.
Pior ou melhor para o passageiro, a depender do viés --mais voos podem significar tarifas menores. De outro lado, lotam o aeroporto com filas e ajudam a entupir uma estrutura já saturada, 30% acima da capacidade.
O novo pico vai das 11h às 13h e das 15h às 18h. Nesses períodos, o vaivém de aviões passou a superar 30 pousos e decolagens por hora em 2010. O número se aproxima do limite de Cumbica (44).
Os dados são da Anac, analisados pelo Núcleo de Estudos em Tecnologia, Gestão e Logística da Coppe, instituto de pesquisa de engenharia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Quem ocupa esse nicho são turistas, mais flexíveis com horários, diz o sindicato das companhias. É o caso de Tânia Silva, 52, que semana passada foi a Recife ver a família; era sua segunda ida de avião, após anos em ônibus.
O fenômeno se dá porque há demanda. Em 2010, houve cinco voos a mais em Cumbica, que ganhou 545 passageiros/dia. Economia favorável, dólar baixo e passagem barata atraem gente e lotam voos.
Segunda maior do país, a Gol usou as lacunas de Cumbica. Em 2009, tinha 87 decolagens por semana à tarde. Neste ano, foram 153 --78% a mais. De madrugada, a empresa foi de 14 para 21 voos.
TAM, Avianca e Webjet não se pronunciaram.
Também operam fora do rush Emirates, Qatar Airways e, desde março, Singapore, cujos voos saem de madrugada e chegam à tarde.
Em março, a Anac reduziu tarifas de pouso na madrugada e encareceu as demais.

Investimento
 
O governo federal anunciou investimento de R$ 1,219 bilhão no aeroporto de Cumbica para ampliação dos terminais de passageiros, implantação de módulos operacionais, pistas de saída rápida e reforma nas pistas do terminal.
Questionada pela reportagem, a Infraero não comentou estudo feito pela Coope/UFRJ. A empresa disse que precisaria ter acesso a todos os números para comentar o assunto.

Por Folha