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Forças de Gbagbo atacam patrulha da ONU na Costa do Marfim

As tropas do presidente da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, atacaram neste sábado uma patrulha da ONU, após resistirem na sexta-feira ao assédio das Forças Republicanas da Costa do Marfim (FRCI), leais a Alassane Ouattara, reconhecido internacionalmente como vencedor do pleito presidencial de novembro.
O comando da Missão das Nações Unidas na Costa do Marfim (Onuci), que não sofreu baixas, se viu obrigado a responder e alcançou a cinco integrantes das forças especiais de Gbagbo, informou o organismo em comunicado neste sábado.
O porta-voz da Onuci, Hamadoun Touré, disse por telefone que não sabia se os milicianos favoráveis a Gbagbo alcançados pelos Capacetes Azuis tinham morrido.
Touré ressaltou a atitude imparcial dos Capacetes Azuis e sua vontade de evitar qualquer enfrentamento com as forças marfinenses de ambos os grupos, mas assegurou que responderiam se fossem atacados.
Os confrontos ocorrem depois que seguidores de Gbagbo encorajaram, através de um comunicado transmitido neste sábado na televisão pública da Costa do Marfim (RTI), a mobilização de suas tropas "para proteger as instituições da República".
O texto, que foi lido por um soldado leal a Gbagbo, afirmava que suas posições foram atacadas na sexta-feira "por grupos de mercenários apoiados pelos soldados da Onuci e da operação francesa Licorne".
O militar alertou para a necessidade de "soldados das Forças Armadas" se unirem a suas unidades em Abidjan, que suportaram na sexta-feira o terceiro dia de ofensiva militar por parte das FRCI.
O comunicado foi transmitido através da televisão pública porque os partidários de Gbagbo voltaram a tomar neste sábado o controle do edifício, enquanto as FRCI afirmaram ter tomado o Palácio Presidencial.
Esse anúncio foi feito pelo site do grupo de Ouattara, que acusou "as milícias e os mercenários" de Gbagbo de terem "ocupado ilegalmente a residência oficial do chefe do Estado".
As ruas de Abidjan continuam desertas, em parte pelo êxodo em massa de marfinenses na busca de áreas livres de conflito, e também pelo reinício das hostilidades nas imediações do Palácio Presidencial e da Gendarmaria de Agban entre os grupos de Gbagbo e Ouattara.
No entanto, a vitória de Ouattara é questão de tempo, segundo seu porta-voz, quem afirmou em comunicado transmitido na televisão: "o presidente da República lhes pede que espereis só algumas horas e o país será totalmente libertado".
A operação francesa Licorne e a Onuci seguem suas manobras de vigilância e esta última mobilizou três helicópteros para evitar saques.
A Cruz Vermelha informou sobre a morte de centenas de pessoas durante esta última semana na cidade ocidental de Duékoué.
A entidade calculou em 800 o número de mortos na terça-feira, enquanto a Onuci informou neste sábado que, entre segunda-feira e quarta-feira, houve 330 vítimas.
A Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH) também calculou em 800 o número de mortos e denunciou "as execuções sumárias, os massacres e os atos de pilhagem".
As pressões da comunidade internacional para que Gbagbo deixe o poder continuam.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, se uniu na sexta-feira às pressões da União Africana (UA), da União Europeia (UE) e da Comunidade Econômica de Estados da África Ocidental (Cedeao).
A Costa do Marfim se encontra à beira de uma guerra civil desde que Gbagbo, eleito presidente em 2000 para cinco anos e que prolongou seu mandato por mais cinco, não aceitou sua derrota para Ouattara no segundo turno do pleito presidencial de 28 de novembro.

Por Folha