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Na Costa do Marfim, 800 morrem em conflitos entre Alassane Ouattara e Laurent Gbagbo

Pelo menos 800 pessoas foram mortas durante os conflitos na Costa do Marfim entre o presidente eleito Alassane Ouattara e o presidente de facto Laurent Gbagbo na cidade de Duékoué, segundo levantamento da Cruz Vermelha. Só entre segunda e quarta-feira da última semana, 330 mortos foram contabilizados pela Missão das Nações Unidas na Costa do Marfim (Onuci). No final de 2010, Ouattara foi eleito em pleito democrático, mas seu rival, Gbagbo, se recusa a deixar o poder alegando fraude na eleição.
Neste sábado (2), a Onuci informou que um comboio com tropas da ONU foi atacado por militares de Gbagbo, mas ninguém foi morto. O porta-voz da missão, Hamadoun Touré, afirmou que as forças da ONU adotam uma postura imparcial no conflito, mas que irão responder a outros possíveis ataques de qualquer um dos grupos.
Os confrontos ocorrem depois que seguidores de Laurent Gbagbo encorajaram, através de um comunicado televisionado, a mobilização de suas tropas para "para proteger as instituições da República". O texto afirmava ainda que tropas do presidente de facto haviam sido atacadas "por grupos de mercenários apoiados pelos soldados da Onuci e da operação francesa Licorne".
O governo marfinês teme que as forças de Ouattara consigam tomar a capital Abidjan, e conclamou, então, seus partidários a defenderem a cidade dos "soldados das Forças Armadas". Neste sábado, Gbagbo conseguiu retomar o controle da televisão pública do país, até então controlada pelos partidários de Alassane Ouattara, que acusam o rival de ter "ocupado ilegalmente a residência oficial do chefe do Estado".
Em Abidjan, as ruas da cidade continuam desertas. Os conflitos entre os rivais políticos, que tomaram a cidade, e o êxodo em massa da população transformaram a capital em uma verdadeira cidade fantasma. Para Ouattara, sua vitória sobre Gbagbo é apenas uma questão de tempo, e o país rapidamente voltará ao normal. "O presidente da República lhes pede que espereis só algumas horas e o país será totalmente libertado".
A operação francesa Licorne e a Onuci seguem suas manobras de vigilância e esta última mobilizou três helicópteros para evitar saques e tentar manter a tranquilidade no país. A Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH) denunciou "as execuções sumárias, os massacres e os atos de pilhagem” na Costa do Marfim.
O país se encontra à beira de uma guerra civil desde que Gbagbo, eleito presidente em 2000 para cinco anos e que prolongou seu mandato por mais cinco, não aceitou sua derrota para Ouattara no segundo turno do pleito presidencial de 28 de novembro do ano passado.

Por Época