Potências querem que ONU condene violência na Síria; 350 morreram
Reino Unido, França, Alemanha e Portugal pediram nesta segunda-feira ao Conselho de Segurança (CS) das Nações Unidas que condene a sangrenta repressão do regime sírio contra os manifestantes que pedem a renúncia do ditador Bashar al Assad. As informações foram repassadas à agência Reuters por diplomatas.
Grupos de direitos humanos dizem que as forças de segurança mataram mais de 350 civis desde o início dos protestos em Deraa, em 18 de março. Um terço das vítimas morreu nos últimos três dias.
"Gostaríamos que os membros do conselho condenassem a violência na Síria e pedissem moderação", disse um diplomata sob a condição de ficar anônimo.
Outro diplomata na ONU (Organização das Nações Unidas) disse que os quatro membros europeus do conselho fizeram circular um comunicado preliminar aos outros 11 Estados membros que apoia o pedido do secretário-geral da entidade, Ban Ki-moon, feito no fim de semana, para que seja aberta uma investigação independente sobre as mortes dos manifestantes.
Os europeus esperam que uma condenação pelo Conselho de Segurança aumente a pressão sobre a Síria para que o país interrompa a repressão contra os manifestantes antigoverno, afirmam os diplomatas.
Mais cedo, os EUA já haviam sinalizado que estudam impor sanções contra o governo sírio.
"A violência brutal usada pelo governo da Síria contra seu povo é completamente deplorável', disse o porta-voz do Conselho Nacional de Segurança, Tommy Vietor.
"Os EUA estudam as opções disponíveis, inclusive sanções, para responder à repressão e deixar claro que este comportamento é inaceitável", acrescentou.
RÚSSIA E CHINA
No Conselho de Segurança da ONU, onde EUA, Reino Unido, França, Rússia e China são membros permanentes com poder de veto, os dois últimos tendem a manifestar-se contrários a medidas contra a Síria.
Moscou e Pequim, que se abstiveram durante a votação que aprovou as operações militares na Líbia, têm apresentado críticas cada vez maiores à intervenção no país africano.
Segundo diplomatas, a preocupação dos dois países é de que a operação tenha como finalidade derrubar o ditador líbio Muammar Gaddafi.
Rússia e China já indicaram previamente que devem se opor a um debate no CS sobre outro conflito que consideram ser uma questão interna.
Na semana passada, o CS não conseguiu chegar a um acordo para emitir uma declaração sobre o levante de outro país árabe, o Iêmen.
A proposta de declaração apresentada pelos europeus sobre a Síria ressalta que a situação tem relevância para a perspectiva de paz e segurança em todo o Oriente Médio, afirmou um diplomata. A referência à dimensão internacional da violência poderia deixar mais difícil para Rússia e China recusarem-se a discutir o caso da Síria.
O debate sobre a Síria no conselho também pode causar desconforto para Beirute. O Líbano, que é o único membro árabe do conselho, tem tido uma relação problemática com o país vizinho.
REPRESSÃO
Nesta segunda-feira, as forças de segurança da Síria reprimiram com violência os protestos da oposição em Deraa, deixando ao menos cinco mortos. A cidade é palco, há seis semanas. O governo sírio fechou ainda a fronteira com a Jordânia, perto de Deraa, gesto que impede a fuga de civis dos confrontos na cidade. Um militante de direitos humanos afirmou, em condição de anonimato, que as cinco vítimas estavam em um carro que foi metralhado pelas forças de segurança.
"Os minaretes das mesquitas fazem apelos de socorro. As forças de segurança entraram nas casas. Há um toque de recolher e eles atiram contra quem sai de suas casas. Atiram inclusive nas caixas de água nos telhados para deixar os moradores sem água", disse o militante, que está em Deraa.
Uma testemunha consultada pela agência de notícias Reuters disse ter visto corpos em uma rua, pouco depois de centenas de soldados entrarem na cidade, protegidos por veículos armados.
Atiradores de elite se posicionaram nos prédios do governo e testemunhas relatam que os disparos atingem alvos randômicos. Os tanques se posicionaram nos principais pontos de entrada de Deraa e disparam contra prédios e casas.
"As pessoas não podem andar pelas ruas por causa dos disparos", disse o morador Mohsen à rede de TV Al Jazeera, que mostrou uma coluna de fumaça sobre os prédios.
FIM DO ESTADO DE EMERGÊNCIA
Assad derrubou o estado de emergência que imperava no país há 48 anos, mas ativistas dizem que a violência com que reprimiu os protestos no fim de semana mostra que seu comprometimento com a liberdade de expressão e política não é sério.
As autoridades sírias optaram pela "solução militar" para acabar com o movimento de protesto disse o ativista dos direito humanos Rami Abdel Rahmane à agência de notícias France Presse.
"Está claro que as autoridades sírias tomaram a decisão de uma solução militar e de segurança", disse Abdel Rahmane, presidente do Observatório Sírio dos Direitos Humanos, poucas horas depois do início de uma grande intervenção das forças de segurança sírias em várias cidades do sul do país, entre elas Deraa.
Em mais uma escalada da crise, a Síria fechou nesta segunda-feira a fronteira com a Jordânia, anunciou o ministro jordaniano da Informação, Taher Adwan, citado pela agência Petra.
"A Síria fechou as fronteiras terrestres com a Jordânia. A decisão síria está relacionada com a situação interna da Síria", explicou Adwan. 'Esperamos que a situação volte rapidamente à normalidade', completou o ministro jordaniano.
Grupos de direitos humanos dizem que as forças de segurança mataram mais de 350 civis desde o início dos protestos em Deraa, em 18 de março. Um terço das vítimas morreu nos últimos três dias.
"Gostaríamos que os membros do conselho condenassem a violência na Síria e pedissem moderação", disse um diplomata sob a condição de ficar anônimo.
Outro diplomata na ONU (Organização das Nações Unidas) disse que os quatro membros europeus do conselho fizeram circular um comunicado preliminar aos outros 11 Estados membros que apoia o pedido do secretário-geral da entidade, Ban Ki-moon, feito no fim de semana, para que seja aberta uma investigação independente sobre as mortes dos manifestantes.
Os europeus esperam que uma condenação pelo Conselho de Segurança aumente a pressão sobre a Síria para que o país interrompa a repressão contra os manifestantes antigoverno, afirmam os diplomatas.
Mais cedo, os EUA já haviam sinalizado que estudam impor sanções contra o governo sírio.
"A violência brutal usada pelo governo da Síria contra seu povo é completamente deplorável', disse o porta-voz do Conselho Nacional de Segurança, Tommy Vietor.
"Os EUA estudam as opções disponíveis, inclusive sanções, para responder à repressão e deixar claro que este comportamento é inaceitável", acrescentou.
RÚSSIA E CHINA
No Conselho de Segurança da ONU, onde EUA, Reino Unido, França, Rússia e China são membros permanentes com poder de veto, os dois últimos tendem a manifestar-se contrários a medidas contra a Síria.
Moscou e Pequim, que se abstiveram durante a votação que aprovou as operações militares na Líbia, têm apresentado críticas cada vez maiores à intervenção no país africano.
Segundo diplomatas, a preocupação dos dois países é de que a operação tenha como finalidade derrubar o ditador líbio Muammar Gaddafi.
Rússia e China já indicaram previamente que devem se opor a um debate no CS sobre outro conflito que consideram ser uma questão interna.
Na semana passada, o CS não conseguiu chegar a um acordo para emitir uma declaração sobre o levante de outro país árabe, o Iêmen.
A proposta de declaração apresentada pelos europeus sobre a Síria ressalta que a situação tem relevância para a perspectiva de paz e segurança em todo o Oriente Médio, afirmou um diplomata. A referência à dimensão internacional da violência poderia deixar mais difícil para Rússia e China recusarem-se a discutir o caso da Síria.
O debate sobre a Síria no conselho também pode causar desconforto para Beirute. O Líbano, que é o único membro árabe do conselho, tem tido uma relação problemática com o país vizinho.
REPRESSÃO
Nesta segunda-feira, as forças de segurança da Síria reprimiram com violência os protestos da oposição em Deraa, deixando ao menos cinco mortos. A cidade é palco, há seis semanas. O governo sírio fechou ainda a fronteira com a Jordânia, perto de Deraa, gesto que impede a fuga de civis dos confrontos na cidade. Um militante de direitos humanos afirmou, em condição de anonimato, que as cinco vítimas estavam em um carro que foi metralhado pelas forças de segurança.
"Os minaretes das mesquitas fazem apelos de socorro. As forças de segurança entraram nas casas. Há um toque de recolher e eles atiram contra quem sai de suas casas. Atiram inclusive nas caixas de água nos telhados para deixar os moradores sem água", disse o militante, que está em Deraa.
Uma testemunha consultada pela agência de notícias Reuters disse ter visto corpos em uma rua, pouco depois de centenas de soldados entrarem na cidade, protegidos por veículos armados.
Atiradores de elite se posicionaram nos prédios do governo e testemunhas relatam que os disparos atingem alvos randômicos. Os tanques se posicionaram nos principais pontos de entrada de Deraa e disparam contra prédios e casas.
"As pessoas não podem andar pelas ruas por causa dos disparos", disse o morador Mohsen à rede de TV Al Jazeera, que mostrou uma coluna de fumaça sobre os prédios.
FIM DO ESTADO DE EMERGÊNCIA
Assad derrubou o estado de emergência que imperava no país há 48 anos, mas ativistas dizem que a violência com que reprimiu os protestos no fim de semana mostra que seu comprometimento com a liberdade de expressão e política não é sério.
As autoridades sírias optaram pela "solução militar" para acabar com o movimento de protesto disse o ativista dos direito humanos Rami Abdel Rahmane à agência de notícias France Presse.
"Está claro que as autoridades sírias tomaram a decisão de uma solução militar e de segurança", disse Abdel Rahmane, presidente do Observatório Sírio dos Direitos Humanos, poucas horas depois do início de uma grande intervenção das forças de segurança sírias em várias cidades do sul do país, entre elas Deraa.
Em mais uma escalada da crise, a Síria fechou nesta segunda-feira a fronteira com a Jordânia, anunciou o ministro jordaniano da Informação, Taher Adwan, citado pela agência Petra.
"A Síria fechou as fronteiras terrestres com a Jordânia. A decisão síria está relacionada com a situação interna da Síria", explicou Adwan. 'Esperamos que a situação volte rapidamente à normalidade', completou o ministro jordaniano.
Por Folha