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Presidente 'de facto' da Costa do Marfim é capturado

O presidente de facto da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, foi preso na manhã desta segunda-feira (horário de Brasília) em sua residência na capital Abidjan. Segundo o jornal francês Le Monde, Gbagbo foi finalmente encontrado e capturado pelas forças de oposição depois que sua casa fora cercada por cerca de 30 veículos franceses militares pesados. Os detalhes da captura ainda não são claros, mas há informações de que membros da guarda pessoal de Gbagbo o teriam entregado às tropas francesas.
"É uma vitória, considerando todo o mal que Laurent Gbagbo causou à Costa do Marfim", afirmou o embaixador marfinense em paris, Ali Coulibaly. "Ele (Gbagbo) deve ser mantido vivo para que possa ser julgado pelos crimes que cometeu", disse.
A Organização das Nações Unidas (ONU) confirmou a prisão do ex-presidente pouco depois, e afirmou que o fato dá fim a meses de conflito desnecessário. Segundo o secretário-geral da organização, Ban Ki-Moon, tudo será feito para garantir a segurança de Gbagbo, que, em um primeiro momento, acreditava-se ter sido ferido pelas tropas de Alassane Ouattara durante a prisão.
"Nós temos que ajudá-los (os marfinenses) a restaurar a estabilidade, o direito legal, e a garantir todos os processos humanitários e de segurança", afirmou Ban.
Mais cedo nesta segunda, helicópteros franceses voltaram a atacar a residência do ex-presidente de facto da Costa do Marfim. Os ataques, realizados em Abidjan, ocorreram poucas horas após a ONU e a França já terem investido contra o palácio presidencial. Gbagbo se recusava a deixar o poder e a transmitir o cargo para o presidente eleito, Alassane Ouattara, alegando fraudes nas eleições.
No bairro de Plateau, aonde fica a residência de Gbagbo, moradores relataram terem ouvido explosões e visto combates entre tropas de Ouattara e de Gbagbo. O líder do movimento Jovens Patriotas, Blé Goudé, disse que a residência de Gbagbo ficou “parcialmente destruída” depois dos últimos ataques. Admirador do ex-presidente, Goudé criticou as ações das Nações Unidas e da França. “É um intervencionismo o racismo invasor da França que denunciamos. Não há armas pesadas na residência”, disse.
A crise no país começou há mais de quatro meses, quando foram realizadas eleições presidenciais em que Ouattara teria se elegido. O então presidente Gbagbo não reconheceu o pleito e afirmou terem ocorrido fraudes. A partir daí, iniciou-se uma verdadeira guerra civil comandada pelos dois presidentes pelo poder.
De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), os combates estão mais violentos em Abidjan. Pelos dados do órgão, nos últimos dias, aproximadamente 2 mil pessoas da Costa do Marfim deixaram o país rumo a Gana – já são 7,2 mil refugiados na região. Além disso, 2,3 mil optaram pelo Togo como abrigo.

Por Época