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Protestos deixam 70 mortos na Síria

Pelo menos 70 pessoas foram mortas em conflitos com forças de segurança na Síria, nesta sexta-feira, relatam testemunhas e grupos de defesa dos direitos humanos. As mortes ocorreram quando soldados dispararam e lançaram gás lacrimogênio contra manifestantes que protestavam contra o regime sírio em diversas partes do país.
Esse é o maior número de mortos em um único dia desde que os protestos contra o governo do presidente Bashar Al-Assad começaram, em 15 de março. Testemunhas disseram que pelo menos catorze  pessoas morreram na localidade de Ezreh, na província de Deraa (ao sul da capital síria, Damasco) – epicentro das manifestações contra o regime de Al-Assad.
Outras pessoas morreram em Duma, a 15 km ao norte de Damasco,  e também em Barzeh, Harasta e Maadamiya, localidades da periferia da capital, informam testemunhas. Há relatos, ainda, de mortes em Hama, a 210 km ao norte de Damasco, Latakia, o principal porto do país, a 350 km a noroeste de Damasco, e na cidade de Homs, no centro.
Além das mortes, várias dezenas de pessoas ficaram feridas por disparos das forças da ordem que tentavam dispersar os manifestantes em várias cidades. Segundo o diretor da Organização Nacional para os Direitos Humanos da Síria, Ammar Qurabi, vinte pessoas estão desaparecidas. Houve protestos também contra Assad no Líbano e no Chipre.

Estado de emergência - Em uma tentativa de acalmar os opositores, Bashar Al-Assad suspendeu, na quinta-feira, o estado de emergência, em vigor no país há cinco décadas. As manifestações são um sinal de que as ações do presidente não surtiram efeito. Os soldados reprimiram com violência as manifestações justificando que elas são realizadas por “grupos armados”.
Nesta sexta-feira, classificada como a “Grande Sexta-Feira”, organizadores dos protestos prometeram fazer as maiores manifestações contra o governo até agora. A data tem conotações políticas e religiosas, porque assim é chamada a Sexta-Feira Santa entre os cristãos do Oriente Médio. O plano era que a data fosse celebrada com manifestações em massa após as orações das 12 horas, celebração religiosa semanal mais importante para os muçulmanos.
Há mais de um mês acontecem protestos em massa na Síria exigindo o fim do estado de emergência e, mais recentemente, também a libertação de presos políticos, a liberdade de expressão e a instauração de um sistema multipartidário. As manifestações são a maior ameaça enfrentada por Assad desde que ele substitui seu pai, Hafez, em 2000. A ONG de direitos humanos Human Rights Watch afirma que mais de 200 pessoas já morreram nos protestos sírios até o momento.

Por Veja