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Rebeldes líbios culpam Otan por mortes de civis em Brega

Rebeldes líbios culparam a Otan (Organização do Tratado Atlântico Norte) pela morte de ao menos cinco civis durante uma ofensiva aérea contra a cidade de Brega, onde os oposicionistas travam intensos combates com as forças leais ao ditador Muammar Gadddafi.
A emissora Al Arabiya diz que os mortos podem chegar a 50, enquanto a Al Jazeera mantém que foram apenas cinco.
Um comandante dos rebeldes afirmou que o caso parecia ser "fogo amigo", mas garantiu que o incidente não causará qualquer tensão com a aliança militar, apesar de os insurgentes exigirem explicações. Mais cedo, houve relatos de apenas dois mortos, em meio a relatos de indignação entre os rebeldes.
"Não estamos questionando a intenção da Otan, porque eles devem estar aqui para nos ajudar e ajudar os civis, mas gostaríamos de receber algumas respostas sobre o que aconteceu hoje", disse o líder das forças rebeldes, Abdel Fattah Younes, em Benghazi.
"Foi um ataque aéreo da Otan sobre nós. Estávamos perto de nossos veículos nas proximidades de Brega", disse o combatente ferido Younes Jumaa em uma maca no hospital.

INVESTIGAÇÕES
 
Em resposta, a aliança militar não reconheceu ou pediu desculpas diretas pelo incidente, mas afirmou em comunicado que a situação no local não era clara e que havia "armas em todas as direções".
"O que está claro é que a Otan continuará a implementar o mandato da ONU às forças que possam potencialmente causar danos à população civil da Líbia", acrescentou o comunicado.
Mais tarde, a aliança indicou que deve investigar o caso. "A Otan está estudando os detalhes de um suposto ataque contra uma coluna de tanques fora de Brega hoje", afirmou a organização em comunicado de sua base de operações em Nápoles.
A organização lembra na nota que "os combates entre Brega e Ajdabiyah, onde aconteceu o ataque, foram intensos durante vários dias".
A Otan ressaltou que a situação não está clara e afirmou que continuará cumprindo com o mandato das Nações Unidas e atacando forças que "potencialmente possam causar danos à população civil da Líbia".

DESCONTENTAMENTO
 
Não há confirmação da origem das aeronaves que realizaram o ataque, mas as aeronaves líbias são proibidas de circular pelo país desde a imposição de uma zona de restrição aérea em meados de março.
Já as aeronaves da coalizão internacional circulam livremente pelo país, realizando bombardeios com o objetivo de garantir a zona de exclusão e proteger os civis dos ataques das forças de Gaddafi.
Caso fique confirmado que o ataque foi realizado pela Otan, este seria o segundo incidente da coalizão em uma semana. No sábado passado (2), um ataque dos aviões internacionais matou 17 rebeldes que estavam a bordo de um ônibus na rodovia que une Brega a Ajadabiya.
Na época, um porta-voz dos oposicionistas descreveu o ataque como "um acidente infeliz" e pediu apoio da coalizão para enfraquecer as forças de Gaddafi.
Comandantes da oposição reclamaram nos últimos dias que os ataques aéreos estão demorando demais e não atingem os locais necessários para dar vantagem aos rebeldes. A Otan se defende dizendo que Gaddafi está usando civis como escudos, o que dificulta estabelecer um alvo seguro para bombardear.