Diretor do FMI é preso sob acusação de abuso sexual
Minutos antes de decolar em um voo de Nova York para Paris, o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, foi preso por autoridades americanas dentro de avião da Air France sob a acusação de ter atacado sexualmente uma camareira de um hotel da região do Times Square.
Considerado até ontem como o mais forte adversário para concorrer contra o presidente da França, Nicolas Sarkozy, na eleição presidencial do ano que vem, Strauss-Kahn teria atacado uma camareira de 32 anos quando ela entrou no quarto para fazer a limpeza.
Segundo a polícia, Strauss-Kahn saiu nu do banheiro e teria tentado abusar sexualmente da funcionária. A mulher, cujo nome não foi divulgado, conseguiu se desvencilhar e informou outros funcionários do hotel, que chamaram os policiais.
Autoridades policiais americanas apuraram que o executivo embarcaria para a França e agiram rapidamente para prendê-lo. A camareira
sofreu ferimentos leves.
Até a noite de ontem, o diretor do FMI não havia se manifestado. Por ser noite de sábado em Washington, a entidade não tinha destacado ninguém para comentar o episódio e, provavelmente, esperaria os fatos serem esclarecidos para divulgar uma nota. Na França, madrugada do domingo, ninguém do governo ou da oposição deu declarações.
No avião. Strauss-Kahn estava detido na noite de ontem em uma unidade da polícia de Nova York, onde seria interrogado. A prisão ocorreu às 16h45 em Nova York (17h45 de Brasília). O comandante do voo da Air France já havia anunciado o fechamento das portas do avião quando recebeu a ordem para parar. Oficiais de justiça americanos entraram no avião e, diante de todos os passageiros, prenderam o homem mais poderoso do FMI.
Strauss-Kahn seria levado à presença de um juiz ainda na noite de ontem. "Ele será questionado sobre a sua conexão com o ataque sexual contra uma camareira em um hotel no início da tarde", disse o porta-voz da polícia, Paul Browne.
Um dos mais respeitados economistas da França, Strauss-Kahn entrou para a política nos anos 1980. Além de deputado, exerceu o cargo de ministro das Finanças durante o governo do premiê Lionel Jospin até 1999. No FMI desde 2007, ganhou notoriedade internacional, apesar de ter sido criticado por não ter antecipado a crise financeira que eclodiu no ano seguinte.
Neste período, o diretor do FMI foi acusado de ter mantido relações com uma de suas assessoras, Piroska Nagy, húngara, economista e funcionária do FMI. Na época, ele disse que lamentava muito o incidente e aceitava a responsabilidade por isso. "Pedi desculpas por isso ao Conselho, à equipe do FMI e à minha família."
Casado com Anne Sinclair, Strauss-Kahn passou parte de sua infância no Marrocos. Na última eleição francesa, chegou a tentar a candidatura, mas acabou não sendo o escolhido. Desta vez, ele era considerado o favorito para a indicação do Partido Socialista e estava à frente de Nicolas Sarkozy nas pesquisas.
Caso não consiga provar inocência no episódio, o economista pode ver o fim de suas ambições eleitorais na França no que deve ser o maior escândalo político do país nos últimos anos, alterando o cenário para a disputa do ano que vem. Sarkozy, que enfrentava queda de popularidade, tende a ser o mais favorecido e os socialistas precisarão se unir em torno de outro nome.
Hoje, Strauss-Kahn se reuniria com a chanceler da Alemanha, Ângela Merkel, para discutir questões ligadas à crise econômica de países europeus como Grécia e Portugal. O diretor do FMI também participaria de encontro, em Bruxelas, com autoridades europeias.
PERFIL:
Dominique Strauss-Kahn, DIRETOR-GERENTE DO FMI
Dirigente esteve no Brasil em março e encontrou-se com Dilma
O francês Dominique Strauss-Kahn assumiu o comando do Fundo Monetário Internacional (FMI) em novembro de 2007, para mandato de cinco anos. Indicado pela União Europeia, recebeu na época apoio público dos EUA, Brasil, Argentina, Chile e Índia. Em março, visitou o País e reuniu-se com a presidente Dilma Rousseff, a quem manifestou preocupação com o sobreaquecimento da economia brasileira.
De 1997 a 1999, foi ministro de Finanças da França e responsável pela redução do déficit público para que o país adotasse o euro como moeda. Renunciou ao cargo após ser alvo de investigação em escândalo de corrupção. A Justiça o absolveu, argumentando que ele havia alterado documentos, mas que isso não configurava falsificação.
Strauss-Kahn nasceu em Paris em 1949 e passou parte da infância no Marrocos. É doutor em Economia e formado em Direito, Administração de Empresas, Ciência Política e Estatística. Casado com a jornalista francesa Anne Sinclair, tem 3 filhos.
Segundo a polícia, Strauss-Kahn saiu nu do banheiro e teria tentado abusar sexualmente da funcionária. A mulher, cujo nome não foi divulgado, conseguiu se desvencilhar e informou outros funcionários do hotel, que chamaram os policiais.
Autoridades policiais americanas apuraram que o executivo embarcaria para a França e agiram rapidamente para prendê-lo. A camareira
sofreu ferimentos leves.
Até a noite de ontem, o diretor do FMI não havia se manifestado. Por ser noite de sábado em Washington, a entidade não tinha destacado ninguém para comentar o episódio e, provavelmente, esperaria os fatos serem esclarecidos para divulgar uma nota. Na França, madrugada do domingo, ninguém do governo ou da oposição deu declarações.
No avião. Strauss-Kahn estava detido na noite de ontem em uma unidade da polícia de Nova York, onde seria interrogado. A prisão ocorreu às 16h45 em Nova York (17h45 de Brasília). O comandante do voo da Air France já havia anunciado o fechamento das portas do avião quando recebeu a ordem para parar. Oficiais de justiça americanos entraram no avião e, diante de todos os passageiros, prenderam o homem mais poderoso do FMI.
Strauss-Kahn seria levado à presença de um juiz ainda na noite de ontem. "Ele será questionado sobre a sua conexão com o ataque sexual contra uma camareira em um hotel no início da tarde", disse o porta-voz da polícia, Paul Browne.
Um dos mais respeitados economistas da França, Strauss-Kahn entrou para a política nos anos 1980. Além de deputado, exerceu o cargo de ministro das Finanças durante o governo do premiê Lionel Jospin até 1999. No FMI desde 2007, ganhou notoriedade internacional, apesar de ter sido criticado por não ter antecipado a crise financeira que eclodiu no ano seguinte.
Neste período, o diretor do FMI foi acusado de ter mantido relações com uma de suas assessoras, Piroska Nagy, húngara, economista e funcionária do FMI. Na época, ele disse que lamentava muito o incidente e aceitava a responsabilidade por isso. "Pedi desculpas por isso ao Conselho, à equipe do FMI e à minha família."
Casado com Anne Sinclair, Strauss-Kahn passou parte de sua infância no Marrocos. Na última eleição francesa, chegou a tentar a candidatura, mas acabou não sendo o escolhido. Desta vez, ele era considerado o favorito para a indicação do Partido Socialista e estava à frente de Nicolas Sarkozy nas pesquisas.
Caso não consiga provar inocência no episódio, o economista pode ver o fim de suas ambições eleitorais na França no que deve ser o maior escândalo político do país nos últimos anos, alterando o cenário para a disputa do ano que vem. Sarkozy, que enfrentava queda de popularidade, tende a ser o mais favorecido e os socialistas precisarão se unir em torno de outro nome.
Hoje, Strauss-Kahn se reuniria com a chanceler da Alemanha, Ângela Merkel, para discutir questões ligadas à crise econômica de países europeus como Grécia e Portugal. O diretor do FMI também participaria de encontro, em Bruxelas, com autoridades europeias.
PERFIL:
Dominique Strauss-Kahn, DIRETOR-GERENTE DO FMI
Dirigente esteve no Brasil em março e encontrou-se com Dilma
O francês Dominique Strauss-Kahn assumiu o comando do Fundo Monetário Internacional (FMI) em novembro de 2007, para mandato de cinco anos. Indicado pela União Europeia, recebeu na época apoio público dos EUA, Brasil, Argentina, Chile e Índia. Em março, visitou o País e reuniu-se com a presidente Dilma Rousseff, a quem manifestou preocupação com o sobreaquecimento da economia brasileira.
De 1997 a 1999, foi ministro de Finanças da França e responsável pela redução do déficit público para que o país adotasse o euro como moeda. Renunciou ao cargo após ser alvo de investigação em escândalo de corrupção. A Justiça o absolveu, argumentando que ele havia alterado documentos, mas que isso não configurava falsificação.
Strauss-Kahn nasceu em Paris em 1949 e passou parte da infância no Marrocos. É doutor em Economia e formado em Direito, Administração de Empresas, Ciência Política e Estatística. Casado com a jornalista francesa Anne Sinclair, tem 3 filhos.
Por Estadão