Denúncias derrubam Palocci do governo pela segunda vez
Ao deixar o comando da Casa Civil nesta terça-feira-feira (7), depois de denúncias sobre evolução de seu patrimônio pessoal e suposto tráfico de influência, Antonio Palocci revive situação semelhante à ocorrida em 2006, quando deixou o cargo de ministro da Fazenda.
A saída de Palocci foi comunicada por meio de uma nota divulgada pela Casa Civil. O ministro, que ficou pouco mais de cinco meses no cargo, é o primeiro a deixar o ministério no governo da presidente Dilma Rousseff. No lugar de Palocci, assume a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR).
Em março de 2006, quando comandava o Ministério da Fazenda durante o governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Palocci foi acusado de ordenar a violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa.
O caseiro havia prestado depoimento na CPI dos Bingos relatando que tinha visto Palocci em reuniões com lobistas em uma mansão em Brasília. Palocci deixou o governo e assumiu o mandato na Câmara dos Deputados, do qual estava licenciado.
No Parlamento, concentrou boa parte da atuação na Comissão de Finanças e Tributação, relatando projetos ligados à área econômica, importantes para o governo, como a reedição da Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras (CMPF). A proposta foi aprovada na Câmara e derrubada no Senado, resultando em uma das principais derrotas do governo Lula no Congresso.
Durante o período em que estava no Congresso, Palocci lançou um livro de memórias sobre seus dias no poder, dizendo ter sido vítima de uma campanha da oposição e fazendo um “mea culpa” sobre sua atuação no ministério.
Em agosto de 2009, foi absolvido da acusação de quebra de sigilo, por conta do episódio do caseiro Francenildo Costa, pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
No início de 2010, a Justiça tomou outra decisão favorável a Palocci, rejeitando a denúncia do Ministério Público sobre a chamada “"máfia do lixo"”, escândalo que atingiu sua gestão na Prefeitura de Ribeirão Preto. O escândalo, de 2006, apontava um suposto esquema de pagamentos de propina por parte do Grupo Leão Leão, concessionário da limpeza urbana no município.
As duas absolvições abriram caminho para que Palocci voltasse atuar de forma intensa no governo. Exatamente quatro anos depois de deixar o governo, ele ampliou a influência no PT, já integrando a campanha de Dilma Rousseff para a Presidência da República.
Manteve o estilo discreto, avesso a entrevistas, e, ao lado do ex-presidente do PT, José Eduardo Dutra, e do então deputado federal José Eduardo Cardozo (PT-SP), atual ministro da Justiça, Palocci formou o chamado “"núcleo duro"” da campanha. O trio, que recebeu o apelido de “os três porquinhos”, foi contemplado com a coordenação política da equipe de transição do governo.
Acusações recentes
Reportagem publicada pelo jornal “"Folha de S.Paulo"”, em 15 de maio, apontou que o ministro teria aumentado em 20 vezes seu patrimônio, entre 2006 e 2010, quando era deputado federal. Conforme a “"Folha"”, Antonio Palocci teria recebido R$ 20 milhões somente em 2010, a maior parte nos últimos meses do ano, quando participava do governo de transição.
Depois, outras reportagens apontaram que clientes de Palocci teriam feito negócios com empresas públicas e que um dos clientes teria sido beneficiado em uma operação de restituição de imposto de renda junto à Receita Federal, subordinada ao Ministério da Fazenda, pasta que Palocci comandou em 2006.
Explicações
Na última sexta-feira (3), Palocci concedeu entrevista à TV Globo, a primeira manifestação pública desde que reportagens sobre o aumento do seu patrimônio e suposto tráfico de influência começaram a ser publicadas. Integrantes de partidos da base do governo e da oposição cobravam explicações do ministro.
Na entrevista, Palocci negou que tenha feito tráfico de influência. "“Não fiz tráfico de influência, não fiz atuação junto a empresas públicas representando empresas privadas”", disse. O ministro não informou a lista de clientes da Projeto nem quanto teria faturado porque, segundo ele, não poderia expor as empresas em um ambiente político “conturbado”.
Ele afirmou ainda que não poderia apresentar os nomes dos clientes para não prejudicá-los. “Não acho justo expor empresas num ambiente político conturbado, num ambiente de conflito. Se empresas forem feridas com isso, a perda em relação a sua imagem, etc, ninguém pode repor. Então eu prefiro assumir pessoalmente a explicação dessas coisas do que expor uma série de pessoas e empresas.”
Em entrevista à "“Folha de S.Paulo”", Palocci disse que, antes de assumir a Casa Civil, não relatou à presidente Dilma Rousseff quais eram as empresas para as quais havia prestado serviços de consultoria.
A saída de Palocci foi comunicada por meio de uma nota divulgada pela Casa Civil. O ministro, que ficou pouco mais de cinco meses no cargo, é o primeiro a deixar o ministério no governo da presidente Dilma Rousseff. No lugar de Palocci, assume a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR).
Em março de 2006, quando comandava o Ministério da Fazenda durante o governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Palocci foi acusado de ordenar a violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa.
O caseiro havia prestado depoimento na CPI dos Bingos relatando que tinha visto Palocci em reuniões com lobistas em uma mansão em Brasília. Palocci deixou o governo e assumiu o mandato na Câmara dos Deputados, do qual estava licenciado.
No Parlamento, concentrou boa parte da atuação na Comissão de Finanças e Tributação, relatando projetos ligados à área econômica, importantes para o governo, como a reedição da Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras (CMPF). A proposta foi aprovada na Câmara e derrubada no Senado, resultando em uma das principais derrotas do governo Lula no Congresso.
Durante o período em que estava no Congresso, Palocci lançou um livro de memórias sobre seus dias no poder, dizendo ter sido vítima de uma campanha da oposição e fazendo um “mea culpa” sobre sua atuação no ministério.
Em agosto de 2009, foi absolvido da acusação de quebra de sigilo, por conta do episódio do caseiro Francenildo Costa, pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
No início de 2010, a Justiça tomou outra decisão favorável a Palocci, rejeitando a denúncia do Ministério Público sobre a chamada “"máfia do lixo"”, escândalo que atingiu sua gestão na Prefeitura de Ribeirão Preto. O escândalo, de 2006, apontava um suposto esquema de pagamentos de propina por parte do Grupo Leão Leão, concessionário da limpeza urbana no município.
As duas absolvições abriram caminho para que Palocci voltasse atuar de forma intensa no governo. Exatamente quatro anos depois de deixar o governo, ele ampliou a influência no PT, já integrando a campanha de Dilma Rousseff para a Presidência da República.
Manteve o estilo discreto, avesso a entrevistas, e, ao lado do ex-presidente do PT, José Eduardo Dutra, e do então deputado federal José Eduardo Cardozo (PT-SP), atual ministro da Justiça, Palocci formou o chamado “"núcleo duro"” da campanha. O trio, que recebeu o apelido de “os três porquinhos”, foi contemplado com a coordenação política da equipe de transição do governo.
Acusações recentes
Reportagem publicada pelo jornal “"Folha de S.Paulo"”, em 15 de maio, apontou que o ministro teria aumentado em 20 vezes seu patrimônio, entre 2006 e 2010, quando era deputado federal. Conforme a “"Folha"”, Antonio Palocci teria recebido R$ 20 milhões somente em 2010, a maior parte nos últimos meses do ano, quando participava do governo de transição.
Depois, outras reportagens apontaram que clientes de Palocci teriam feito negócios com empresas públicas e que um dos clientes teria sido beneficiado em uma operação de restituição de imposto de renda junto à Receita Federal, subordinada ao Ministério da Fazenda, pasta que Palocci comandou em 2006.
Explicações
Na última sexta-feira (3), Palocci concedeu entrevista à TV Globo, a primeira manifestação pública desde que reportagens sobre o aumento do seu patrimônio e suposto tráfico de influência começaram a ser publicadas. Integrantes de partidos da base do governo e da oposição cobravam explicações do ministro.
Na entrevista, Palocci negou que tenha feito tráfico de influência. "“Não fiz tráfico de influência, não fiz atuação junto a empresas públicas representando empresas privadas”", disse. O ministro não informou a lista de clientes da Projeto nem quanto teria faturado porque, segundo ele, não poderia expor as empresas em um ambiente político “conturbado”.
Ele afirmou ainda que não poderia apresentar os nomes dos clientes para não prejudicá-los. “Não acho justo expor empresas num ambiente político conturbado, num ambiente de conflito. Se empresas forem feridas com isso, a perda em relação a sua imagem, etc, ninguém pode repor. Então eu prefiro assumir pessoalmente a explicação dessas coisas do que expor uma série de pessoas e empresas.”
Em entrevista à "“Folha de S.Paulo”", Palocci disse que, antes de assumir a Casa Civil, não relatou à presidente Dilma Rousseff quais eram as empresas para as quais havia prestado serviços de consultoria.
Por G1