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Justiça concede liberdade a aliado de Carlinhos Cachoeira

Em decisão unânime proferida nesta segunda-feira, o TRF (Tribunal Regional Federal) da 1ª Região (Brasília) concedeu habeas corpus ao sargento da reserva da Aeronáutica Idalberto Matias de Araújo, conhecido como Dadá.
Ele é apontado como um dos arapongas que estariam a serviço do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
O tribunal determinou, no entanto, que Dadá terá de obedecer as seguintes condições para ele continuar em liberdade: comparecer a todos os atos do processo, não manter contato com as pessoas envolvidas e não poderá se ausentar da cidade onde reside, no caso Brasília, sem autorização judicial. Caso alguma delas seja descumpridas, ele deverá voltar à prisão.
Como Dadá também é investigado pela Polícia Civil do DF, na Operação Saint-Mitchel (sobre a ramificação do suposto esquema de Cachoeira em Brasília), o tribunal determinou que ele só poderia deixar a prisão caso não houvesse outra ordem de prisão contra ele, relacionada a esta outra investigação.
Dadá foi preso em meio à Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, deflagrada em fevereiro deste ano. A operação investiga a exploração de jogos ilegais em Goiás e no Distrito Federal.
O Ministério Público informou que não há outro pedido de prisão. Dadá, portanto, deverá ser solto ainda hoje. Seu advogado, Leonardo Gagno, informou à Folha que até as 16h15 o alvará de soltura ainda não havia sido expedido. Por ser ex-militar, Dadá está preso no 6º Comar (Comando Aéreo Regional), localizado no Lago Sul, bairro nobre de Brasília.
O TRF não analisou o habeas corpus de Cachoeira, o que pode ocorrer apenas na semana que vem. Enquanto isso, ele continua preso.
 
ARAPONGA
 
Terceiro sargento da Aeronáutica, Dadá já trabalhou na Abin (Agência Brasileira de Inteligência), sucessora do antigo SNI (Serviço Nacional de Informações).
O nome do ex-agente da Abin ganhou projeção nacional em 2008, por causa da Operação Satiagraha, que investigou negócios do banqueiro Daniel Dantas. Na época, Dadá foi apontado como uma das pessoas que teria participado de forma irregular na operação, levantando informações para o delegado e hoje deputado federal Protógenes Queiroz (PC do B-SP).
Em depoimento à CPI dos Grampos, Dadá disse não ter participado das investigações da Satiagraha.
Diálogos dele com Protógenes gravados na operação criaram desgaste para o deputado, um dos articuladores da CPI que investiga o caso.
Na Operação Monte Carlo ele aparece, segundo as investigações, como um dos principais agentes do grupo de Carlinhos Cachoeira, acusado de comandar um esquema de jogos ilegais e outros negócios em Goiás e no Distrito Federal.
Foi Dadá, por exemplo, quem entregou a aliados do empresário alguns dos rádios habilitados nos Estados Unidos, que o grupo acreditava serem imunes a grampos. Para a polícia, Dadá também era o elo do grupo de Cachoeira com um esquema de interceptação ilegal de e-mails.
Dadá também foi a ponte utilizada por Cachoeira, segundo a investigação da PF, para procurar um funcionário da Infraero que teria facilitado a entrada de contrabando no país.
Oficialmente, apresentava-se como presidente de uma associação de varredores da Delta Construções, mencionada na investigação como ligada ao grupo de Cachoeira. A empresa, que nega envolvimento com Cachoeira, diz que jamais contratou os serviços de Dadá.

Por Folha