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Mudança na Fuvest favorece candidato com formação ampla

O maior e mais importante vestibular do Brasil anunciou nesta quinta-feira mudanças em sua realização – confira as novidades no quadro abaixo. Em resumo, a Fuvest vai passar a cobrar mais do candidato que deseja uma vaga nos bancos da Universidade de São Paulo (USP). Os estudantes ficaram com a impressão de que a aprovação ficou mais distante. Os professores de cursos pré-vestibulares, especialistas nesse tipo de seleção, concordam: o processo será mais rigoroso.
O primeiro ponto é evidente: a nota mínima exigida na primeira fase, abaixo da qual qualquer candidato é automaticamente eliminado, subiu: de 22 para 27. Outra mudança relevante é o fato de a nota da primeira fase ser, a partir desde ano, levada em consideração na composição da média final do candidato.
"Essa medida valoriza o aluno que tem uma formação mais ampla, que não se apoia apenas nas disciplinas ligadas à carreira de seu interesse", diz Nelson de Castro, coordenador de vestibulares do Curso Anglo. "Ao candidato, não bastará mais se satisfazer com a nota de corte da primeira fase para chegar à segunda: ele deverá ganhar o maior número de pontos na primeira prova. Para isso, precisa garantir um bom desempenho em todas as disciplinas."
"O candidato vai precisar dobrar seu cuidado na primeira fase. Afinal, a prova poderá ser sua grande aliada na média final", diz Vera Lúcia Antunes, coordenadora do curso e colégio Objetivo. Ela defende, contudo, que as alterações da Fuvest podem favorecer os melhores estudantes. "O processo seletivo ficou mais rigoroso, mas os bons alunos saem valorizados com isso. Era injusto não considerar o desempenho do candidato na primeira fase", afirma. "Tem aluno comemorando essa decisão."
Não é o caso de Lucas Venturelli, vestibulando de 18 anos que busca uma vaga em engenharia de produção. "Acho que essa mudança favorece os candidatos que acertam questões ao acaso nos testes de múltipla escolha da primeira fase", diz. "Quem chuta bem, sai beneficiado", diz o estudante, desanimado com a mudança da Fuvest. 


Outra novidade que preocupa é o critério de convocação para a segunda fase. Até a edição 2011 da Fuvest, eram chamados três candidatos por cada vaga disponível na universidade. A partir deste ano, serão apenas dois para as carreiras mais concorridas (para as demais, a regra não muda).
"Para o candidato, é sempre interessante passar para a segunda fase, pois é o momento em que ele pode conquistar pontos nas disciplinas que domina, mais ligadas à carreira de sua escolha", diz Nelson de Castro, do Anglo. Mais uma vez, a primeira fase ganhará mais importância, já que cresce o número de candidatos retidos na primeira etapa do vestibular. "Com isso, acredito que a nota de corte vai subir, dificultando minha tarefa", diz Lucas Venturelli. Letícia Osone, vestibulanda de administração também teme uma nota de corte mais alta. "Só passarão para segunda fase os melhores", acredita.
Maysa Castro, vestibulanda de primeira viagem que busca uma vaga no curso de fisioterapia, também sente que pode sair em desvantagem. "Para tentar reverter isso, vou acrescentar uma ou duas horas de estudo à minha rotina", diz.
Ela já considera também alternativas. "Minha prioridade é a USP, porque é uma universidade pública. Mas, a partir de agora, vou me dedicar a outros vestibulares, inclusive os particulares." É também o caminho escolhido por Lucas.
Nem todas as medidas foram recebidas com desanimo pelos estudantes, contudo. Quem enfrentou a maratona de vinte perguntas discursivas no segundo dia de exames da segunda fase de 2011, comemora. A partir de agora, serão apenas 16. Além disso, após a terceira chamada de aprovados, o candidato poderá concorrer a uma outra carreira para a qual não havia se candidatado originalmente.

Por Veja