Com o cargo ameaçado, Nascimento tenta driblar oposição
Em reunião com a bancada do PR nesta segunda-feira, o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, aceitou dar explicações ao Congresso a respeito do esquema de corrupção operado em sua pasta. Mas a decisão não alivia a pressão sobre ele. Nesta terça-feira, a oposição vai solicitar ao Minisitério Público e à Polícia Federal que investiguem o caso, o que promete complicar ainda mais a situação do ministro. Nem mesmo dentro do próprio governo Nascimento encontra alívio: apesar de ter declarado apoio ao titular dos Transportes, a presidente Dilma Rousseff ordenou à Controladoria-Geral da União (CGU) uma investigação rigorosa nas licitações e contratos da pasta - e mandou Nascimento abrir uma investigação dentro do ministério para averiguar o caso. Nascimento luta, agora, para não se tornar o mais novo ministro de Dilma a amargar o desemprego.
Com o cargo ameaçado após as revelações, Nascimento driblou a iniciativa da oposição de convocá-lo a prestar esclarecimentos no Senado: ao aceitar depor voluntariamente, o ministro faz com que os requerimentos do PSDB percam o sentido. Na noite desta segunda, Nascimento assegurou às bancadas do PR na Câmara e no Senado que falara às duas Casas. Os convites devem ser aprovados ainda nesta semana e o mais provável é que Nascimento vá ao Parlamento na semana que vem. Reportagem de VEJA desta semana mostra o funcionamento de um esquema baseado na cobrança de propinas de 4% das empreiteiras e de 5% das empresas de consultoria que elaboram os projetos de obras em rodovias e ferrovias.
Ainda assim, o PSDB deve insistir em levar ao Congresso as quatro figuras do ministério que foram afastadas por envolvimento no esquema: Mauro Barbosa da Silva, chefe de gabinete do ministro; Luís Tito Bonvini, assessor de gabinete; Luís Antônio Pagot e José Francisco das Neves, diretor-presidente da Valec. Os tucanos também farão um pedido de auditoria especial para o Tribunal de Contas da União (TCU) e devem apresentar um requerimento de convocação do ministro da Controladoria Geral da União (CGU), Jorge Hage, para depor na Câmara dos Deputados. Hage também é alvo de uma representação ao Ministério Público Federal, por indícios de que teria feito vista grossa para o problema.
Mais cedo, Nascimento havia determinado a abertura de uma sindicância para analisar o caso - com toda a isenção que o ministério comandado pelo PR tem para investigar a si mesmo. Após o encontro com o ministro, os parlamentares do PR declararam apoio a ele. Por meio de nota, os colegas de Nascimento afirmaram manter "incondicional confiança" no minsitro. Adotando discurso de vítima, os integrantes do partido afirmam no texto que as denúncias criam um "estado de terror". Mas o mais importante, a explicação para as irregularidades, não veio.
Nesta segunda-feira, a presidente Dilma Rousseff também pediu à CGU que investigue as informações reveladas por VEJA. A apuração envolverá, ainda, órgãos e empresas vinculados ao ministério, como a Valec e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). As auditorias da CGU também incluem as representações regionais dos órgãos. Dependo do caso, a controladoria pode recomendar a apuração de responsabilidades e punição dos envolvidos.
Entenda o caso - No último dia 24, a presidente Dilma se reuniu com integrantes da cúpula do Ministério dos Transportes no Palácio do Planalto para reclamar das irregularidades na pasta. Ao lado das ministras Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e MÍriam Belchior (Planejamento), ela se queixou dos aumentos sucessivos dos custos das obras em rodovias e ferrovias, criticou o descontrole nos aditivos realizados em contratos firmados com empreiteiras e mandou suspender o início de novos projetos. Dilma disse que o Ministério dos Transportes está sem controle, que as obras estão com os preços “inflados” e anunciou uma intervenção na pasta comandada pelo PR — que cobra 4% de propina das empresas prestadoras de serviços.
A presidente também cobrou explicações sobre a explosão de valores dos empreendimentos ligados ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Na nota, o ministro Alfredo Nascimento disse que desde janeiro vem tomando as providências para redução dos custos de obras.
"Tal preocupação atende não apenas a necessidade de efetivo controle sobre os dispêndios do ministério, mas também a determinação de acompanhar as diretrizes orçamentárias do governo como um todo. Característica de sua passagem pelo governo federal em gestões anteriores e, obedecendo à sua postura como homem público, Alfredo Nascimento atua em permanente alinhamento à orientação emanada pela presidente".
Com o cargo ameaçado após as revelações, Nascimento driblou a iniciativa da oposição de convocá-lo a prestar esclarecimentos no Senado: ao aceitar depor voluntariamente, o ministro faz com que os requerimentos do PSDB percam o sentido. Na noite desta segunda, Nascimento assegurou às bancadas do PR na Câmara e no Senado que falara às duas Casas. Os convites devem ser aprovados ainda nesta semana e o mais provável é que Nascimento vá ao Parlamento na semana que vem. Reportagem de VEJA desta semana mostra o funcionamento de um esquema baseado na cobrança de propinas de 4% das empreiteiras e de 5% das empresas de consultoria que elaboram os projetos de obras em rodovias e ferrovias.
Ainda assim, o PSDB deve insistir em levar ao Congresso as quatro figuras do ministério que foram afastadas por envolvimento no esquema: Mauro Barbosa da Silva, chefe de gabinete do ministro; Luís Tito Bonvini, assessor de gabinete; Luís Antônio Pagot e José Francisco das Neves, diretor-presidente da Valec. Os tucanos também farão um pedido de auditoria especial para o Tribunal de Contas da União (TCU) e devem apresentar um requerimento de convocação do ministro da Controladoria Geral da União (CGU), Jorge Hage, para depor na Câmara dos Deputados. Hage também é alvo de uma representação ao Ministério Público Federal, por indícios de que teria feito vista grossa para o problema.
Mais cedo, Nascimento havia determinado a abertura de uma sindicância para analisar o caso - com toda a isenção que o ministério comandado pelo PR tem para investigar a si mesmo. Após o encontro com o ministro, os parlamentares do PR declararam apoio a ele. Por meio de nota, os colegas de Nascimento afirmaram manter "incondicional confiança" no minsitro. Adotando discurso de vítima, os integrantes do partido afirmam no texto que as denúncias criam um "estado de terror". Mas o mais importante, a explicação para as irregularidades, não veio.
Nesta segunda-feira, a presidente Dilma Rousseff também pediu à CGU que investigue as informações reveladas por VEJA. A apuração envolverá, ainda, órgãos e empresas vinculados ao ministério, como a Valec e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). As auditorias da CGU também incluem as representações regionais dos órgãos. Dependo do caso, a controladoria pode recomendar a apuração de responsabilidades e punição dos envolvidos.
Entenda o caso - No último dia 24, a presidente Dilma se reuniu com integrantes da cúpula do Ministério dos Transportes no Palácio do Planalto para reclamar das irregularidades na pasta. Ao lado das ministras Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e MÍriam Belchior (Planejamento), ela se queixou dos aumentos sucessivos dos custos das obras em rodovias e ferrovias, criticou o descontrole nos aditivos realizados em contratos firmados com empreiteiras e mandou suspender o início de novos projetos. Dilma disse que o Ministério dos Transportes está sem controle, que as obras estão com os preços “inflados” e anunciou uma intervenção na pasta comandada pelo PR — que cobra 4% de propina das empresas prestadoras de serviços.
A presidente também cobrou explicações sobre a explosão de valores dos empreendimentos ligados ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Na nota, o ministro Alfredo Nascimento disse que desde janeiro vem tomando as providências para redução dos custos de obras.
"Tal preocupação atende não apenas a necessidade de efetivo controle sobre os dispêndios do ministério, mas também a determinação de acompanhar as diretrizes orçamentárias do governo como um todo. Característica de sua passagem pelo governo federal em gestões anteriores e, obedecendo à sua postura como homem público, Alfredo Nascimento atua em permanente alinhamento à orientação emanada pela presidente".