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A marcha da corrupção

O Brasil acordou durante o fim de semana com mais uma denúncia de corrupção no Governo Federal. É o segundo grande escândalo em menos de um mês (o último foi ainda não resolvido caso envolvendo toda a cúpula do Ministério dos Transportes e do Partido da República); e o terceiro em pouco mais de sete meses de governo Dilma.
Agora, as estripulias denunciadas pela revista ÉPOCA (não à toa o PT e, principalmente, Lula adoram atacar a imprensa) estavam concentradas na Agência Nacional de Petróleo (ANP). Segundo a matéria, diretores da agência que deveria regular as atividades relacionadas ao petróleo e gás natural pedem propina para resolver entraves legais.
Vídeos, gravações e cópias de cheques atestam a veracidade das informações. O que mais impressiona é a completa cara-de-pau e desenvoltura dos envolvidos. Chegam inclusive a discutir sobre um grau de corrupção: quem é mais corrupto e quem é menos. Ao criticar outro diretor, dizem que ele é adepto da “lógica petista”, sugerindo que tal pessoa era egoísta na roubalheira. Não há qualquer constrangimento ao extorquir empresários e advogados. Percebe-se claramente o quanto confiam na impunidade.
Mas nem sempre foi assim. A ANP foi criada em 1998, no governo FHC. A lógica era a de dar poder à sociedade para regulamentar e fiscalizar as atividades econômicas sobre petróleo e gás natural. Composta por membros independentes, técnicos, competentes e longe das negociações políticas, a ANP funcionou satisfatoriamente até 2003.
No governo Lula, a lógica mudou. A independência dos diretores virou pó e o que passou a valer foram as indicações políticas e o loteamento de cargos – característica que o PT levou, aliás, a todas as outras agências reguladoras. A ANP foi incluída no balcão de negócios para buscar apoio de políticos e parlamentares.
O segundo golpe na ANP foi a nomeação do maranhense Edison Lobão para o Ministério das Minas e Energia. Maranhense? Sim, quando se fala em Maranhão pensa-se imediatamente em Sarney e sua oligarquia. A interferência política, então, virou regra.
O esquema de corrupção no órgão (que tem tudo para alcançar grandes figuras da república) é apenas mais um sintoma da falência institucional do Brasil empreendida pelo governo do PT. Não se surpreenda se outros mais aparecerem.
Ao ocupar e negociar cada espaço estatal sem qualquer pudor, o PT concorre para desacreditar todo o sistema político-administrativo do país. Tudo em prol da sua eternização no poder. E a marcha da corrupção continuará avançando sobre os cofres públicos.