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PF culpa bancos por atraso em investigação de caso Erenice

Bancos têm atrasado, segundo a Polícia Federal, a conclusão do inquérito aberto para investigar suposto tráfico de influência da ex-ministra Erenice Guerra e seus familiares na Casa Civil.
Apesar da Justiça ter concedido a quebra do sigilo bancário de alguns investigados com o prazo máximo de dez dias, tem havido uma "demora sistemática", de acordo com a PF, para que esses dados sejam enviados à Justiça pelos bancos.
Braço direito da presidente Dilma Rousseff no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, Erenice deixou o ministério em setembro do ano passado, após a Folha revelar que ela tinha recebido um empresário que negociou contrato com firma de lobby de um filho dela.
Já foram ouvidas mais de 50 pessoas no inquérito, segundo a Folha apurou-- entre elas, funcionários da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e empresários ligados à família da ex-ministra.
A Polícia Federal pediu à Justiça, por conta dos atrasos nas quebras dos sigilos bancários, a renovação do prazo do inquérito por mais 30 dias. É a quinta vez que os investigadores pedem a prorrogação da investigação, que já dura dez meses.
A Folha apurou que haverão novas diligências dentro do inquérito na segunda-feira (25).
A CGU (Controladoria-Geral da União) encerrou em março as investigações de denúncias sobre o caso e encontrou três irregularidades "graves".
A controladoria considerou que a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) beneficiou a empresa de telefonia Unicel, dirigida à época pelo marido de Erenice, ao conceder a ela uma faixa de frequência em condições privilegiadas e recomendou a suspensão da outorga.
A CGU também encontrou "irregularidades" num convênio entre o Ministério das Cidades e a Fundação Universidade de Brasília que causou prejuízo de R$ 2,1 milhões aos cofres públicos, e na contratação pelos Correios da empresa aérea MTA Linhas Aéreas em contratos que somavam R$ 59,8 milhões.
Erenice não foi encontrada pela reportagem para comentar o caso.

Por Folha