Com fiança de R$ 39 mil paga, invasores serão liberados
Os 72 invasores da Reitoria da Universidade de São Paulo (USP) serão libertados assim que o último deles for interrogado na 91º Distrito Policial, na zona oeste da capital paulista, e todos passarem por exame de corpo de delito. Isso porque um grupo de advogados pagou no início da noite fiança de 39.240 reais – 545 reais por pessoa. O dinheiro foi arrecadado por meio de uma vaquinha entre sindicatos ligados à Central Sindical Popular Conlutas. A organização foi acionada pelo sindicato dos funcionários da USP, o Sintusp, que incita os alunos ao combate desde o início das manifestações, na semana passada.
Entre os presos estão 68 são estudantes e 4 funcionários da universidade. De acordo com o delegado Dejair Rodrigues havia entre os invasores alunos de uma instituição de ensino da Paraíba e de faculdades do interior do estado. O grupo está sendo assistido pela advogada Eliana Lúcia Ferreira, da Conlutas, e por outros três advogados. Foram eles que orientaram os presos a não responderem as perguntas dos policiais.
Segundo o delegado Rodrigues, todos os interrogados até agora disseram que só falarão em juízo. Com o pagamento da fiança, eles serão liberados após assinarem um termo de autuação em flagrante, por depredarem o patrimônio público e descumprirem uma ordem judicial. Não há previsão de que horas os procedimentos de interrogatório e de exame de corpo de delito, no Instituto Médico Legal serão concluídos. Do lado de fora, a noite espanta os manifestantes que pediam a libertação dos presos. Por volta das 20h, não havia mais do que 30 pessoas por lá.
Palavras cruzadas e mais assembleia - A reportagem de VEJA conseguiu entrar na delegacia e assistiu a cenas surpreendentes. Um grupo de 25 presos que aguardava no corredor para ser interrogado conversava aos risos. Um deles fazia palavras cruzadas no jornal. Questionados pela reportagem, avaliaram como “tranquila” a atuação da PM na desocupação da Reitoria. “Eles tiveram a orientação de pegar leve”, disse um deles.
Depois de um dia como esses – que começou com a desocupação às 5h -, os estudantes ainda fazem planos para a noite. De acordo com os presos ouvidos pela reportagem, há uma assembleia marcada para mais tarde no prédio da História, no campus da USP. Os demais presos aguardam o fim dos procedimentos em três ônibus do lado de fora da delegacia. O delegado ofereceu a eles uma sala para esperar, mas eles preferiram ficar nos coletivos.
Por Veja