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Gravação mostra número 2 do Turismo orientando suposta fraude

Conversa telefônica gravada durante a investigação da Operação Voucher, da Polícia Federal, e divulgada pelo "Jornal Nacional", da TV Globo, mostra o secretário-executivo do Ministério do Turismo, Frederico da Costa, orientando um empresário a obter um imóvel maior para servir como fachada para sua empresa.
Segundo relatório do Ministério Público citado pelo jornal, o empresário é Fábio de Mello, dono de uma das empresas de fachada beneficiadas pelo Ibrasi (Instituto Brasileiro de Infraestrutura Sustentável), ONG que firmou contrato suspeito com o Ministério do Turismo.
"Pega um prédio moderno, meio andar, fala que tá com uma sede que está em construção [...]. O importante é a fachada. Tem que ser uma coisa moderna, que inspira confiança em relação ao tamanho das coisas que vocês estão fazendo", afirma Costa na gravação.
Deflagrada na terça-feira (8), a Operação Voucher prendeu um total de 36 pessoas, em São Paulo, Brasília, Curitiba e Macapá.
As investigações começaram em abril e apontaram possíveis irregularidades em um convênio de R$ 4,45 milhões firmado entre o Ministério do Turismo e o Ibrasi.
Entre os presos na operação, além do secretário-executivo, está o ex-secretário-executivo da pasta, Mário Moysés, que continuam presos.
AMAPÁ
O Ministério Público Federal no Amapá, responsável pelo caso, afirmou que a cúpula do Ministério do Turismo sabia do esquema criminoso montado no Estado. De acordo com a Procuradoria, as contratações com o Ibrasi (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável) foram feitas sem critério objetivo, de forma ilegal.
Em busca à sede da ONG, em São Paulo, a Polícia Federal apreendeu R$ 610 mil em dinheiro.
De acordo com um documento da investigação da Procuradoria, o ex-secretário-executivo da pasta, Mário Moysés, um dos 35 presos nesta terça-feira (9) em operação da PF, direcionou o convênio para o Ibrasi, embora a falta de qualificação técnica fosse "facilmente perceptível".
A Procuradoria afirmou que o atual secretário-executivo, Frederico Costa, autorizou o pagamento de R$ 1,3 milhão à entidade com base em nota falsa de prestação de contas.
O secretário nacional de Programas e Desenvolvimento do Turismo, Colbert Martins da Silva Filho, liberou R$ 900 mil, diz o documento.
Uma servidora do ministério atuava como "verdadeira funcionária do Ibrasi". Para o Ministério Público Federal, Kérima Silva Carvalho adulterou documentos do Ibrasi que já haviam sido entregues oficialmente ao ministério.
Todos foram presos preventivamente com mais 14 pessoas e levados na noite de terça-feira a Macapá. Eles são acusados por crimes como formação de quadrilha, peculato e falsidade ideológica. A reportagem não conseguiu falar com os acusados ou com seus advogados.

Por Folha