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HP anuncia saída do mercado de smartphones e tablets

Em anúncio divulgado nesta quinta-feira (18), a HP disse que está abandonando o mercado de tablets e smartphones, considerando separar a sua divisão de computadores pessoais, que viraria uma nova empresa, e negociando comprar a fabricante de software Autonomy.
Seriam os maiores mudanças realizadas por Leo Apotheker, executivo-chefe da HP, para fortalecer a empresa na área de produtos e serviços corporativos. Apotheker tenta acelerar o crescimento da companhia, que tem sido lento.
"É o dia 1 da transformação", disse o executivo-chefe, em uma entrevista. Ele falou das "decisões difíceis" que precisaram ser tomadas, mas disse que buscava um desempenho melhor da empresa.
 
CELULARES E TABLETS

Aparelhos com webOS serão descontinuados, como os celulares das famílias Pre e Pixi e o tablet TouchPad, que estava encalhado nas prateleiras norte-americanas. A Best Buy, parceira da HP no lançamento do tablet, queria devolver o estoque do produto de volta para o fabricante. Em pouco mais de um mês, menos de 10% das 270 mil unidades foram vendidas.
No comunicado, a HP diz que "vai continuar a explorar opções para otimizar o valor do webOS", mas não dá nenhuma informação mais concreta de como o sistema operacional será aproveitado. A empresa considera licenciar o software para outras companhias, ou ainda vendê-lo.
Os celulares e o TouchPad são resultado da aquisição da Palm pela HP, em abril do ano passado, numa negociação avaliada em US$ 1,2 bilhão.
 
COMPUTADORES PESSOAIS

A HP diz que planeja alternativas estratégicas para o PSG (Personal Systems Group), divisão de computadores pessoais da companhia. Uma grande gama de opções está sendo considerada, como uma parcial ou total separação do PSG do restante da empresa ou outros tipos de transações.
Dividir a unidade de computadores pessoais pode eliminar o peso de um negócio com baixas margens de lucro para a HP, que tenta fortalecer o seu fornecimento de serviços e computação em nuvem (termo usado para descrever a oferta de produtos e serviços on-line) a clientes coporativos.
A estratégia desafia a IBM e a Oracle, duas gigantes do mercado. A HP pode seguir os passos da primeira, que vendeu sua unidade de computadores pessoais para a chinesa Lenovo em 2005.
A decisão sobre a unidade de PCs pode levar de 12 a 18 meses, disse a HP. Enquanto isso, a divisão continuará a funcionar como de costume. Apotheker ainda disse que a empresa não pretende deixar o mercado de impressoras.
A separação do PSG representaria um passo em direção oposta à da decisão de adquirir a fabricante de PCs Compaq, comprada pela HP por US$ 25 bilhões em 2002.
 
SOFTWARE

A aquisição da Autonomy, que faz software que busca e rastreia dados de empresas e governos, pode ajudar no redirecionamento da HP para software e serviços corporativos. A empresa se tornou uma das maiores companhias de tecnologia da Grã-Bretanha e tem BP, Ford e Departamento de Defesa dos Estados Unidos entre seus clientes.
Seria a terceira maior aquisição da história da HP, depois das compras da Compaq e da Electronic Data Systems. A oferta de US$ 10 bilhões pela Autonomy seria 64% acima do valor de mercado da companhia, que gerou quase US$ 1 bilhão em rendimento nos 12 meses anteriores a 30 de junho.
 
REVITALIZAÇÃO
 
Apotheker, que entrou na HP no ano passado, tenta revitalizar a companhia após uma série de trimestres desapontadores. As vendas em alguns negócios centrais são fracas em razão de erros internos, mudanças no mercado e uma economia em crise.
Em fevereiro, Todd Bradley, vice-presidente executivo da divisão de computadores da empresa, insistiu em uma entrevista que o PC ainda era uma parte valiosa dos negócios da HP. Ele rejeitou especulações de que a companhia iria se livrar da unidade. "O negócio de PCs tem sido estrategicamente importante para a HP", disse.
A HP dominou o mercado de PCs, mas nos últimos meses a indústria enfraqueceu, com a mudança dos desktops e dos laptops para os tablets. No terceiro trimestre, o rendimento das vendas de computadores pessoais da HP caíram 3%, para US$ 9,5 bilhões. Vendas para consumidores caíram 17%; vendas para clientes corporativos, por outro lado, subiram 9%.
Em junho, a empresa lançou o TouchPad, na esperança de competir com o Apple iPad, mas as vendas do tablet foram baixas, e a HP diminuiu seu preço em 20%. Agora, desistiu do aparelho.