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BC revisará para baixo crescimento do Brasil, diz Tombini

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, indicou nesta sexta-feira que a instituição espera um crescimento da economia brasileira inferior a 4% em 2011. Durante evento do setor imobiliário em São Paulo, Tombini disse que a atual estimativa do BC, de 4%, será revista para baixo no próximo relatório de inflação.
A presidente Dilma Rousseff e o Ministério da Fazenda ainda mantém oficialmente projeções mais otimistas. Na quarta-feira, Dilma disse que governo faria um esforço para a economia crescer 4% em 2011 ou um pouco acima disso. No dia 2, ao comentar o resultado do PIB (Produto Interno Bruto), o ministro Guido Mantega (Fazenda) disse que o crescimento da economia deveria ficar mais próximo de 4% do que de 4,5%, como estimado anteriormente pela Fazenda.
Segundo Tombini, a redução da projeção do crescimento do Brasil é reflexo da expansão menor dos países desenvolvidos e das medidas tomadas pelo governo brasileiro no início do ano para desaquecer a economia.
O presidente do BC voltou a dizer que Estados Unidos, Europa e Japão enfrentarão um período longo de baixo crescimento, mas disse que não espera uma crise tão grave como a de 2008.
"Nós não temos bola de cristal para antecipar eventos extremos, mas sabemos que a atual conjunção de fatores provocará um crescimento mais baixo nos próximos anos."
Tombinia firmou que esse cenário externo de baixo crescimento impedirá uma nova alta no preço das commodities com a mesma intensidade daquela que ocorreu entre o final de 2010 e o início de 2011 --quando esses produtos ficaram cerca de 40% mais caros, segundo ele. No entanto, o presidente do BC descartou uma queda no preço das commodities.
Segundo Tombini, alguns alimentos podem ficar mais caros devido a fatores sazonais, como entressafras. Entretanto, ele destacou que, com a economia em desaceleração, essas altas de preços têm uma propagação limitada.
"É diferente do ano passado, quando havia um crescimento forte da economia, tinha uma puxada forte do preço de commodities de 40% e a capacidade de propagação da alta de preços, da sazonalidade, da entressafra da cana, da carne, etc, era muito maior".
Segundo Tombini, esse cenário --de desaceleração da economia e preços das commodities mais comportados-- permitirá que a inflação volte para meta, de 4,5% ao ano, em dezembro de 2012. Atualmente, a inflação acumulada em 12 meses é de 7,23%. Ele estima que essa taxa recuará em dois pontos percentuais até abril, o que significaria algo próximo de 5%.

Por Folha