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Greve dos Correios já atrasou 42 mi de correspondências

Os três dias de greve dos funcionários dos Correios provocaram um atraso na entrega de 42 milhões de objetos em todo o país --o que corresponde a 40% do total previsto para esse período. E a paralisação segue pelo menos até a próxima segunda-feira, quando os sindicatos que representam a categoria farão novas assembleias.
Os Correios informaram que foi mantida a adesão ao movimento em cerca de 30% de um total de 110 mil funcionários. A Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares), que reúne os sindicatos da categoria, afirma por sua vez que já são mais de 70 mil funcionários parados.
A maior parte da adesão é dos carteiros, mas o sindicato do Distrito Federal informou ontem que pararam as atividades parte dos funcionários administrativos do prédio central da empresa, em Brasília, e também todo o setor de tecnologia.
"Essa é a unidade que dá suporte para as agências do Brasil inteiro. Se houver algum problema, os atendentes vão precisar fazer todos os procedimentos manualmente", disse a presidente do sindicato, Amanda Corcino. A empresa informou que a paralisação nesse setor foi em torno de 10% apenas e que não houve consequências na operação.
Na tarde desta sexta-feira, sindicatos de todo o país realizaram assembleias e decidiram pela manutenção da greve. A tendência deve ser mantida nos encontros do início da próxima semana, uma vez que a negociação entre a categoria e a empresa está totalmente parada. Os Correios afirmam que só voltam a negociar com o retorno ao trabalho, o que é descartado pelos representantes dos funcionários.
"Se eu não tiver uma proposta para apresentar nas assembleias na segunda-feira, a greve vai continuar", disse à Folha o secretário-geral da Fentect, José Rivaldo da Silva.
Além do atraso na entrega dos produtos, seguem suspensos os serviços com hora marcada: Sedex 10, Sedex Hoje e Disque-Coleta. Algumas agências também fecharam e deixaram de atender o público.
O presidente dos Correios, Wagner Pinheiro de Oliveira, havia informado na quarta-feira que um plano de contingência foi montado para amenizar o impacto da greve, com funcionários fazendo hora-extra e trabalhando nos fins de semana.

NEGOCIAÇÃO
 
Os Correios mantêm a posição expressa anteriormente de só negociar após o fim da greve e afirmam que vão descontar o ponto dos funcionários faltantes. A direção da empresa deve se manifestar novamente no fim da tarde desta sexta, divulgando também um balanço do impacto da greve nos serviços.
A proposta salarial apresentada pelo governo federal --e que foi retirada após o início da greve-- incluía reajuste de 6,87% para repor a inflação do período, ganho real de R$ 50 a partir de janeiro para todos os trabalhadores, independentemente do salário, e abono de R$ 800
A categoria reivindica aumento salarial linear de R$ 400 a partir de janeiro, reposição da inflação calculada em 7,16% e mais 24,76% referentes a perdas acumuladas desde 1994.
Além do impacto na entrega dos produtos, algumas agências também fecharam e deixaram de atender o público.

 Por Folha