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Após renúncia, Berlusconi diz que quer voltar a governar a Itália

O ex-premiê da Itália Silvio Berlusconi assegurou neste domingo que se sente orgulhoso pela maneira com que lidou com a crise financeira e que espera voltar a governar o país, em uma carta enviada a um partido de direita um dia depois de renunciar ao cargo. "Reivindico com orgulho o que conseguimos fazer nestes três anos e meio de governo, marcados por uma crise internacional sem precedentes na história", escreveu na carta enviada ao secretário nacional do partido A Direita, na qual também expressa "o desejo de voltar a governar" com eles a Itália.
"Seguimos adiante com a ideia de que a maioria votada pelos italianos tinha o direito e o dever de governar, mas, ao final, reinou no Parlamento a lógica das pequenas chantagens, dos foragidos, um vício antigo da política italiana", enfatizou, ao explicar as razões pelas quais perdeu o apoio da maioria o parlamento.
"Compartilho de seus sentimentos e desejo que retomemos todos juntos o caminho para voltar a governar", escreveu Berlusconi em sua carta.
O ex-premiê insistiu na defesa de sua gestão da crise econômica.
"O país deu muito, muitíssimo, em termos de rigor econômico, o que aceitou com grande sentido de responsabilidade e sacrifício com as medidas de julho e agosto", escreveu.
"Se somarmos a dívida pública à poupança privada, a Itália se coloca, pela solidez econômica, no segundo lugar entre os países da Europa, imediatamente depois da Alemanha, antes da Suécia, Reino Unido e os demais", afirmou.
"A Itália conta com empresas que exportam, com um desemprego inferior à média europeia, com o maior patrimônio artístico do mundo e se espera que todo o mundo político, todos, façam um esforço para sair da crise", concluiu.

NOVO GOVERNO

O presidente da Itália, Giorgio Napolitano, se reúne com as principais forças políticas do país neste domingo para articular a indicação do economista e ex-comissário europeu Mario Monti, 68, para o cargo de premiê do país.
Berlusconi foi apontado como inapto para gerenciar a crise econômica italiana --a dívida do país corresponde a 121% de seu PIB (Produto Interno Bruto)--, o ex-premiê vinha sendo pressionado a sair pela reação dos mercados -os juros da dívida bateram recorde nesta semana.
A pressão também vinha da Alemanha e da França, que temem contágio em caso de debacle italiana.
Depois de perder a maioria no Parlamento na última terça, o ex-premiê anunciou que deixaria o cargo somente depois da aprovação do pacote de austeridade.
Sem um pronunciamento ao público, Berlusconi deixou a sede do governo italiano por uma saída lateral, evitando a multidão que comemorava em frente ao Palácio Quirinale.

ENCONTRO

Napolitano receberá neste domingo primeiro o presidente do Senado, Renato Schifani, e depois o presidente da Câmara dos Deputados, Gianfranco Fini.
Em seguida, o chefe de Estado se reunirá com seus antecessores no cargo, Oscar Luigi Scalfaro (1992-1999) e Carlo Azeglio Ciampi (1999-2006).
Os encontros devem terminar por volta das 18h locais (15h de Brasília). Os analistas indicam que a intenção de Napolitano é agilizar uma resposta à crise de governo para acalmar os mercados e buscar uma solução para a política e a economia do país.

SUCESSÃO
 
Monti aparece como a opção com mais força para a era pós-Berlusconi. O perfil que se espera dele é o de um governo técnico, capaz de se entender com todas as forças políticas para tirar a Itália da difícil situação na qual se encontra. Ele conta com um grande apoio entre as forças parlamentares e foi nomeado senador vitalício pelo presidente.
O candidato a premiê é formado pela renomada Universidade Bocconi e depois estudou em Yale, nos Estados Unidos. Chegou a lecionar na Universidade de Turim, tornou-se professor de economia política na Bocconi e foi nomeado para o cargo em Bruxelas por Berlusconi em 1994.
Serviu como chefe de competição da UE, supervisionando os inquéritos antitruste da Microsoft feita no início dos anos 2000, quando ganhou notoriedade e renome em Bruxelas.
Há dois anos foi encarregado da compilação de um relatório sobre o mercado único da EU, que pediu mais desregulamentação para estimular a competição e o crescimento econômico.
O presidente da Itália, Giorgio Napolitano, se reúne com as principais forças políticas do país neste domingo para articular a indicação do economista e ex-comissário europeu Mario Monti, 68, para o cargo de premiê do país.
Berlusconi foi apontado como inapto para gerenciar a crise econômica italiana --a dívida do país corresponde a 121% de seu PIB (Produto Interno Bruto)--, o ex-premiê vinha sendo pressionado a sair pela reação dos mercados -os juros da dívida bateram recorde nesta semana.
A pressão também vinha da Alemanha e da França, que temem contágio em caso de debacle italiana.

Por Folha